Continuando o que comecei aqui

Dawkins está errado…

Há muito mal nas religiões modernas, em quase todas, mas crer em Deuses não é uma tolice maior do que acreditar que somos capazes de raciocinar. Provavelmente não somos e não passamos de animais que parecem raciocinar, no entanto essa ilusão nos estimula a desenvolver nossa limitada capacidade de raciocínio.

As religiões são necessárias quando não achamos outra razão para sermos civilizados, a religiosidade aponta uma meta para a nossa consciência bem além daquela com que podemos sonhar

Nossa civilização não é uniforme. Há uma infinidade de grupos sociais e culturais separados por prioridade e não por capacidade.

Alguns grupos precisam de uma religião que lhes diga “se você viver irresponsavelmente, roubar, estuprar ou matar passará a eternidade do pós morte em sofrimentos inimagináveis” e outros precisam de uma religião que diga “se você não desenvolver sua consciência poderá nascer como uma mosca na próxima encarnação e você não vai gostar disso”.

Essas pessoas não são burras, não são ignorantes, elas simplesmente não estão dispostas a se preocupar com isso. Podem estar, por exemplo, projetando aceleradores de partículas ou pintando belíssimos quadros.

Além disso cada era tem suas tolices compartilhadas por toda a civilização simplesmente porque ninguém estava pensando nisso antes, como casamentos arranjados ou direitos dos terráqueos não humanos.

Existe até uma razão para isso que já citei neste blog em algum dos posts “Lembretes para o dia-a-dia”: É necessário atrito.

A transgressão, a mudança é necessária para evoluirmos, mas sem o atrito proporcionando por alguma tradição e conservadorismo mergulharíamos no caos. Quer uma prova?

Recentemente uma amiga viajou para a Índia e, em seu diário (infelizmente não disponível online), me chamou a atenção para o que aconteceria se os mais de um bilhão de indianos abandonassem sua tradição em castas e todos os miseráveis de lá quisessem ser ricos como querem todos os outros no modelo ocidental.

A violenta luta entre classes talvez fosse o primeiro desastre a ser notado, mas haveria o impacto ambiental de 200 milhões de carros, centenas de bilhões de rolos de papel higiênico e os produtos químicos atirados no meio ambiente.

Ela passou apenas 10 dias lá e isto pode não refletir claramente o cenário na Índia, mas creio que é bem ilustrativo.

A ocidentalização e consequente expansão da cultura de consumo parecem inevitáveis.

Precisamos de um paradigma capaz de moderar nossa sede de gadgets e confortos, algo como consciência ecológica, humanismo e conhecimento científico.

Infelizmente vivemos em um mundo de vastos hiatos sociais e culturais onde, apesar deles, a cultura de massas se expande cada vez mais rapidamente.

É nesse contexto que as religiões estabelecidas tem um papel regulador essencial. Sem elas o consumismo e o empreendedorismo (em minha opinião) se alastrariam tão rapidamente que esgotaríamos nossos recursos não em décadas, mas em anos.

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