É aconselhável dar uma lida rápida na parte 1 antes de continuar, certo?
Muitos Deuses…
Em minha opinião a espiritualidade não precisa levar a Deuses. Podemos ser espirituais sem acreditarmos em nenhum Deus. Mas acho melhor abordar isso em outro capítulo.
Por enquanto acho mais interessante aproveitar o gancho de um comentário antigo e falar nos diversos Deuses em que nós acreditamos.
No cristianismo moderno, apesar de alegadamente monoteísta, há claramente dois deuses.
O primeiro Deus cristão é a trindade, o Deus criador do Universo. O segundo deus, uma criatura divina quase tão antiga quanto o Universo, dotada de consciência e poder para enganar e seduzir os humanos, é o deus do mal, o Diabo.
Pode-se dizer que Lúcifer não é um deus, mas certamente é uma divindade com poderes quase ilimitados e que aparentemente os usa com muito mais frequência do que o Deus criador.
Criadores de Deuses
Reflita um pouco antes de continuar: o que (ou quem) define Deus?
A menos que você não siga nenhuma religião e não leia qualquer livro religioso preferindo observar a criação (supondo que Deus tenha criado o Universo) para tentar extrapolar a personalidade de Deus alguém estará te ensinando como deve ver Deus.
Os faraós e imperadores pré-colombianos se faziam de Deuses para controlar melhor seus súditos, mas estou falando dos criadores modernos embora alguns deles lembrem um pouco os antigos faraós.
Religiões criam Deuses com o objetivo de atrair fiéis para elas tirando-os das outras. Esses Deuses são criados para dividir e ensinar que o Deus Cristão Católico, ou o Islâmico, ou o Protestante ou os das várias seitas estão errados. São deuses para dar conforto e alimentar a intolerância religiosa. Sempre.
Humanos bons e sábios criam Deuses que nos perturbam, que nos convidam a ver o que está errado em nós mesmos, o que fazemos ou deixamos de fazer que não encaixa em nosso tempo ou é uma obrigação do nosso tempo. São os Deuses sociais da teologia da libertação. São Deuses que pertencem a um tempo.
A propósito estou sugerindo um critério de avaliação: o Deus que te consola não é um bom Deus, o que te perturba te leva à transformação é um bom Deus. Na minha opinião humanista e transgressora.
Esses são Deuses óbvios, mas há os faraós criadores de Deuses.
No século XIII ou XIV um papa afirmou que uma relíquia sagrada valia mais do que 100 sermões bem escritos. Não foi a primeira e não foi a última vez que criamos Deuses para acalmar as massas.
Quem controla a mídia em cada época cria, voluntariamente ou não, novos Deuses.
O terceiro grupo de Deuses que eu vejo é o composto pelas criações das grandes corporações.
Isso não é uma criação minha, algum tempo atrás (anos) passei olhos em um artigo que falava nas marcas como a nova fé.
Esses Deuses não são divinos ou religiosos, mas, à maneira dos outros Deuses, definem os nossos desejos, aspirações e a nossa forma de ver o mundo.
Houve um tempo em que éramos bombardeados pelo pensamento cristão por todos os lados, hoje o Deus que se impõe a nós é nebuloso e hedonista.
A religião moderna é do ter, do causar inveja, de ser único (e ter o carro que poucos podem ter) de se divertir.
Esse é o Deus moderno dos faraós.
Em que Deus você acredita?
A verdade é que a maioria das pessoas não pensa muito nisso ou não questionamos o que nos ensinaram a pensar sobre Deus, mas a fé em um Deus moral, onipotente, onipresente e onisciente é raríssima.
Você faz qualquer coisa que irritaria o Deus em que vc aprendeu a crer? Será então que vc realmente crê nele? Um político corrupto crê em Deus? Quem faz fofoca, prejudica os outros para conseguir algo acredita em Deus?
Sim, mas em um outro Deus.
Seria interessante ver uma pesquisa onde as pessoas respondessem quanto tempo elas dedicam por semana a pensar sobre Deus. Creio que a esmagadora maioria está mais concentrada nos deuses dos faraós.
Sugestões de leitura
Deus: Uma Biografia, Jack Milles. Ed. Cia das Letras. A versão original em inglês está disponível também em e-book.
eu tenho crenas espirituais bastante particulares. acredito que deus est no mundo, em cada parte dele. aquela coisa da semente de mostarda: se a semente est presente, a planta ainda no existe. ela tem que deixar de existir para que a planta nasa, e a partir da cada pequeno detalhe da planta carregar a essncia da semente. eu vejo deus como a semente, e o mundo como a planta. assim, deus est presente em cada brisa, em cada flor, em cada ser. cultivo assim minha espiritualidade, voltando-me para dentro e tentando reconectar-me com o divino em mim. e assim, acredito harmonizar-me com o divino que habita cada detalhe do mundo.
complicado? rs.
bjo
Comentando:
Olha, no sei se porque penso muito parecido ou se porque complicado mesmo atribuir a Deus caractersticas humas, mas achei bem simples, viu? Simples e correto ;-)
A diferena que para mim Deus est em tudo isso, mas no como semente, e sim como fruto! Compliquei? Hehehe!
Oi Roney, dois comentrios:
O primeiro que voc se esqueceu, mas a gente aprendeu juntos nas aulas de religio que o diabo um anjo que caiu do cu, por no seguir a linha ditada pela “autoridade”. No chegava a ser um Deus, mas fazia parte da diretoria. :-)
O segundo sobre a parte que voc diz “Religies criam Deuses com o objetivo de atrair fiis para elas tirando-os das outras. Estes Deuses so criados para dividir e ensinar que o Deus Cristo Catlico, ou o Islmico, ou o Protestante ou os das vrias seitas esto errados. So deuses para dar conforto e alimentar a intolerncia religiosa. Sempre”. Discordo. Primeiro porque “sempre” difcil de afirmar sem estudar cada uma das religies. Eu j vi exemplos na India onde tolerncia a regra. Algo do tipo, siga o seu Deus, no importa qual, e respeite os que seguem outros, pois no fundo so formas diferentes da mesma “divindade”.