Hoje o dia virou do avesso sem aviso e há de se falar com muito cuidado sobre ele pois a efemeridade da vida, de todas, é a mais difícil questão humana. Mais do que a fé, mais do que o medo ou o ódio que impulsionam o preconceito, o orgulho e tantas outras qualidades humanas tão desumanas.

A dor da perda do primo que, pouco mais velho, nos ensina sobre a essência da vida contida no prazer do Rock&Roll, no sabor achocolatado de uma piada boba e no sentido da vida auto-contido na própria vida: a vida é o sentido da vida.

A dor da perda do filho, do pai, do tio, do marido, do amigo de tantas histórias, de tantas piadas, de tantas tardes mornas, de festas e, claro, de sofrimentos também. É um que se vai, mas são muitos os que partem com ele.

Essa dor é para ser comentada com muito carinho em respeito dos que agora carregam a saudade.

Ainda carrego a minha.

Lá estava o conforto da fé, das orações e cânticos, das palavras do padre, do pedido solitário a Deus “Forças!”, mas o abraço forte que realmente aliviava a dor eram os olhos firmes dos parentes e amigos que vieram em socorro uns dos outros, talvez uma centena, reunidos em poucas horas na dor repentina.

Sinto orgulho de ter me juntado a essa família. De todas as coisas a que mais me impressiona é o espírito humano, essa determinação e capacidade de amar. Tenho certeza de que o primo também se orgulha da família que se inspirou nele para encontrar o amor necessário para um dia como esse.

Imagem: pássaro da felicidade de Carol Grigg