“No tempo dos incas…” como se diz atualmente, tinha a internet comercial dos primeiros jornais e algumas grandes empresas e nem os governos tinham sites, mas tinha também a Internet de pessoas (site novinho, recomendo), de blogs com gifs coloridos e piscantes ou páginas pessoais, também coloridas e piscantes. Estamos falando do fim do século passado e primeira metade da primeira década desse século. Esse site aqui é dessa época, muito embora nunca tenha sido com gifs coloridas e piscantes hehehehe! Mas cheguei a fazer na mão, no Dreamweaver e outros editores de HTML.

A Internet antes dos algoritmos era empolgante, inspiradora, fofa… Muito embora a fofura fosse meio incômoda algumas vezes com tanta gif rosa e xente falando anxin ;-)

Éramos felizes e não sabíamos…

Como típico exemplar da hiperconexão logo fui surfando para dentro das redes sociais: six degrees, MySpace, Multiply, Orkut etc.

Muita gente, como eu, foi sendo absorvida e, entre fevereiro e março de 2017 passei de mais de um post por semana para um ou dois por mês e teve meses que nem escrevi.

A Web estava morta e era o reinado dos apps e de sites que nem parecem ser web pq praticamente só apontam para dentro enquanto a web é hipertexto, a web era… bem… uma teia!

Eu achei mesmo que ela tinha morrido, mas aí as redes sociais foram virando comércio, depois de 2014 nem era mais o nosso desejo que comandava os algoritmos, mas os algoritmos que passaram a comandar os nossos desejos (pense nisso).

Por muito tempo fui me deixando cozinhar… Muita gente foi, né? Muitas pessoas deixaram de alimentar seus sites e passaram a trabalhar para os novos senhores feudais alimentando os Twitter e FB da vida com conteúdo que, de uma forma ou de outra, não pertence mais a nós, já percebeu isso?

Mas estamos resvalando aqui por assuntos de outro blog meu, alguns dos links mais acima são para lá.

Com as redes sociais comerciais ficando cada vez mais… ruins, acabei migrando para uma rede social não comercial onde já tinha colocado o pé em 2018, mas onde só me tornei frequente mesmo ano passado, junto com um monte de outras pessoas que estavam migrando ou já estavam por lá. É uma parte do Fediverso, o Mastodon. Não tem muitas outras redes sociais não comerciais por ai.

E foi lá, papo vai, papo vem, que descobri esses dias que a web continua lá e tem até um movimento para trazer de volta o blogroll! Você sabe o que era blogroll?

A gente tinha o nosso blog, mas gostava de ler outros tantos e mantinha no ladinho dos nossos posts uma lista para esses blogs, para que as pessoas pudessem descobrir outras pessoas interessantes da web. Muitos dos blogs que eu seguia evaporaram e agora só podem ser achados no Web Archive, mas estou refazendo um blogoroll no meu blog de cibercultura e devo fazer aqui também, provavelmente com blogs e sites em torno de cultura.

Pois bem, além do blogroll o Bardo lembrou dos webrings! E aí a coisa ficou mais legal ainda! Gente! A web ainda tá lá! Sites pessoais feitos à mão que persistem desde 1999, 1996! Muito mais divertidos de navegar, muito mais inesperados e estimulantes, que qq Instagram hehehe!

O cara que criou o primeiro webring ainda está vivo (LOL), mantém uma página com uma Introdução a Webrings e uma lista com vários ativos até o mês passado.

Pera, não expliquei os webrings. É assim… No rodapé dos sites que fazem parte de um webring tem três links: Anterior, aleatório, próximo. E a gente pode ir pulando de um site para outro por ali. No início eram temáticos, por exemplo, só sites sobre jardinagem, história, música eletrônica ou furries (recomendo os furries hehehehe).

Pode ser acaso, mas acho que a cultura webring moderna é meio retrô, meio nostálgica, e quase todos os sites eram feitos à mão, sem um gerenciador de conteúdo como o WordPress, saca?

Esse retorno ao passado foi bom pq tenho pensado justamente nisso, que a gente precisa recuperar a Internet das Pessoas como diz muito bem a Paula Martini (o link tá lá no começo) e tenho pensado muito também nos custos e benefícios de querer fazer parte de uma giga-rede, de tentar mudar o mundo, buscar os tais 15 minutos de fama. Até tem gente vivendo disso, influenciadores, mas para cada um que é feliz com isso tem dez mergulhando em depressão, colapso nervoso ou simplesmente solidão.

Talvez seja hora de retornar ou de refazer tempos mais simples e intimistas. Até mesmo para ganhar dinheiro na Internet a gente não precisa de um milhão de seguidores, basta umas centenas de pessoas que comprem e divulguem o nosso produto para quem conhecem, ou podemos simplesmente ganhar dinheiro com outras coisas e vir para cá para deixar o nosso sussurro para o mundo e esbarrar em algumas pessoas novas legais!

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