Aqui tinha um vídeo do site Jacaré Banguela chamando para a iniciativa dos correios para dar presentes de natal a crianças sem famílias. O vídeo desapareceu.
Depois da minha mensagem de natal de 2006 fica até incoerente dizer que me vem lágrimas aos olhos ao ver iniciativas como essa do jacarebanguela.com.br
Eu teria que dizer que só apoiaria a iniciativa se as crianças soubessem que não foi o papai Noel que lhes enviou os presentes, mas pessoas como elas que enfrentam suas dificuldades, mas vivem (e ajudam a construir) um mundo humano e humanista diferente daquele em que cada um cuida de si e danem-se os outros.
Eu teria que falar sobre o mal de ensinar às crianças que há seres invisíveis fazendo o bem enquanto a verdade é que somente nós, humanos, temos a responsabilidade e capacidade de fazer algo uns pelos outros.
Acontece que, olhando nos olhos das pessoas nesse vídeo a gente só encontra espíritos sensíveis e corações compassivos.
Além do mais nada nos impede de acrescentar uma cartinha de resposta dizendo algo do tipo “Quem te deu este presente foi uma pessoa como você! Um dia você poder? fazer o mesmo por uma criança! Basta acreditar em você! Estudar e trabalhar honestamente!”
E, sim, claro! Eu apoio a iniciativa do Jacaré Banguela e vou fazer a minha parte!
Para fazer a sua vc também é só ver aqui a agência dos correios participante mais próxima de você
Roney, as crianas vo ter tanto tempo pra viver a realidade…. deixa-as sonhar um pouco, viver a fantasia.
Oi Paulo, voc acha que a nossa civilizao tem algumas convices obsoletas? Eu acho.
Existe um consenso de que a mulher inferior e deve se submeter ao homem, esta uma das convices que eu acho que j passaram da hora de serem abandonadas.
Outro costume padro criar as crianas em bolhas de fantasia que, ao meu ver so apenas a garantida da primeira grande frustrao de quem deixa a infncia para despertar para um mundo necessariamente ruim j que aquele em que foi criado estava povoado de criaturas fantsticas e poderes mgicos que defendiam o mundo…
Isso no pode acabar bem… E no acaba! Criamos adultos niilistas ou crdulos. Que no respeitam nada ou que se deixam manipular por qq pseudo-causa (ou religio).
Ao meu ver iludir as crianas mostrando-lhes um mundo em que no acreditamos como tirar um miservel do Haiti, lev-lo para passear pelos shoppings, cinemas e teatros mais opulentos das nossas grandes cidades para depois devolv-los aos esgotos a cu aberto da sua terra…
E h fantasias reais, em que podemos continuar acreditando depois de adultos. Fantasias que so metforas para pessoas reais como as que vemos em Senhor dos Anis, Fronteiras do Universo ou at em Jornada nas Estrelas.
Nossos filhos vivero 10, talvez 11 anos de fantasia e 90, talvez 100 anos de realidade… No melhor darmos a eles o mximo de chances de achar a realidade melhor do que a fantasia?
Roney,
fantasia um exerccio de imaginao. No se trata de mundo real vs mundo de fantasia. Por mais que voc queira a criana no v o mundo com os nossos olhos. A percepo dela diferente. E a meu ver a fantasia e a imaginao so uma preparao pra lidar com as coisas reais.
Por exemplo: uma coisa que toda criana faz colocar alguma coisa na frente dos olhos e crer que ningum a est vendo. Ningum ensina isso, mas na cabea da criana o que ela no v ningum mais v. Deveramos “dar um choque de realidade” e dizer voc t tapando a cara, eu continuo vendo o resto?
No concordo que criar crianas fora da “fantasia” ou na mais pura realidade seja a soluo, nem que isso faa com que elas fiquem alienadas da realidade. Ser que criando crianas sem a fantasia no impediria que elas pensassem diferente e por conseguinte aceitassem tudo que lhes fosse colocado na frente? Sim, porque se tudo realidade e no existe nada diferente, nem pode existir (pois a passaria a ser a realidade), a gente nem precisa se preocupar em pensar, s aceitar.
olha voc a, nem anos e anos de Sta Dorotia e SCM fizeram com que voc fosse um crdulo. Ser que se voc no tivesse passado por isso voc no seria menos contestador e mais “aceitador”?
Abrao!
Paulo
Oi Paulo!
Falha minha, no especifiquei de que tipo de fantasia eu estava falando, na verdade nem estava falando em fantasia, mas em algo mais parecido com superstio…
Conheo poucas pessoas mais a favor da fantasia do que eu, creio que ela deve ser um instrumento onipresente em todas as fases da nossa vida e no apenas na infncia… Lembre-se que tenho falado exaustivamente em Fronteiras do Universo (a trilogia cujo primeiro volume chega aos cinemas dia 25 aqui no Brasil e j chegou ai no dia 7) e a coloco junto de Senhor dos Anis a Shakespeare, Goethe etc.
O problema do Papai Noel ao meu ver justamente que ele um assassino de fantasias!
A criana inevitavelmente descobrir que nunca houve um Papai Noel, que eram seus pais que lhe compravam presentes e, para muitos, este o comeo do fim do mundo mgico.
Como voc mesmo disse:
“as crianas vo ter tanto tempo pra viver a realidade.”
Eu quero que as pessoas continuem capazes de perceber que a realidade apenas uma fantasia sem magia e que existe sempre uma inexplorada regio de maravilhas a compreender, seja na fsica ou na rea do desenvolvimento da nossa concincia atravs da filosofia ou da espiritualidade.
Tenho para mim que, decepcionados com o fim da fantasia, muitos se voltam para uma religiosidade cega, dogmtica e fundamentalista que no d espao para a liberdade de questionamento: depois de sofrer sucessivas decepes as pessoas mergulham na triste realidade e passam a chorar por um deus… Bem, se as adaptaes cinematogrficas de Fronteiras do Universo forem bem feitas vc ver de que tipo de deus estou falando ;-)
Ah! O que me tornou questionador foi o fato de ter lido a Bblia inteira, Senhor dos Anis, Budismo, Taoismo e ter mergulhado na fico cientfica de humanistas como Gene Rodembery. Acho que, sem ajuda, a maioria que exposta religio aprende apenas a no ter livre arbtrio e a questionar dogmas.