Aos 6 anos conheci o cristianismo. Aos 11 me batizei. Aos 12, decepcionado, fui ler a Bíblia. Aos 15 já havia confundido os mensageiros com a mensagem e me converti em crítico do pensamento judaico-cristão.

Você revê suas ideias de vez em quando? Bem, eu revejo. A gente só não erra se é perfeito, não é? Eu estou longe disso e erro.

Por décadas acusei o cristianismo de fomentar a culpa, distorcer a sexualidade e pregar a intolerância.

Nos últimos meses fui desconfiando que errei. Peço desculpas aos cristãos que não distorcem a sexualidade, não são intolerantes e não se auto-falgelam com a culpa e muito menos a impõe aos outros.

A filosofia que abrigou Lavoisier, Frei Betto, Leonardo Boff e, claro, São Francisco de Assis merece ser lembrada em sua essência e não pelos neo-cristianismos que usam seu nome.

Segui caminhos que me levaram a um contato mais primitivo com os deuses e meu caminho certamente seguirá entre as ramagens dos bosques sob a luz da lua em adoração às manifestações divinas nas estações, no irmão sol e na irmã lua.

Os caminhos da humanidade, por outro lado, provavelmente seguirão as pegadas de Cristo e do Deus único. O cristianismo – assim como o capitalismo – se instalou tão profundamente em nossa civilização que se torna mais sábio transformá-lo lentamente do que romper com ele em uma violência que só deixa mortos e feridos sem que se conquiste qualquer evolução.

Recentemente me perguntaram como posso pretender ajudar a resgatar o cristianismo se não sou cristão. Essa é a resposta: as minhas crenças me servem, mas é o cristianismo que serve à humanidade.