1980… Eu tinha algo em torno de 13 anos, pouco mais pouco menos.

Na época estudava no Sacre Couer de Marie, um colégio cheio de meninas e poucos meninos. Comprava balas antes da aula pois de tarde o preço aumentava por causa da inflação de 100% ao mês.

Sei que era um dia ensolarado, que as arquibancadas da quadra estavam vazias. Creio que estava conversando com a Márcia Sapão (onde andará a Mácia Sapão?) e mais alguém, jamais terei certeza.

Aqueles eram tempos patrióticos! A gente cantava o hino e éramos adolescentes de uma classe média que jamais encontrava com a miséria do país. Para nós o Brasil era perfeito, ou quase.

A gente conversava sobre patriotismo naquele dia.

Hoje, ainda há pouco, respondi o email de um sujeito uns 10 anos mais velho do que eu era na época e ainda uns 20 mais novo que eu! :) Ele falava em ter patriotismo.

Tem memórias que nos tomam de assalto, já notou? Chegam com tanta força que o mundo ao redor parece sumir e estamos novamente naquela arquibancada com a Márcia (que era linda e não merecia o apelido de sapão) falando animadamente sobre patriotismo.

Já naqueles dias eu não gostava muito da ideia. Sempre me pareceu que patriotismo tinha um quê de xenofobia, de “nós somos melhores que os outros”. A Márcia era mais esperta e me falou em ter amor pelo nosso próprio país.

Que coisa… Ainda olho desconfiado para esse papo de patriotismo, mas amo meu país, amo esse povo que fez de mim o que sou, e gosto do que sou.

Será que a Marcinha ainda é patriótica? Espero que sim.