Estávamos sentados ao redor de uma panela de brigadeiro lá em Cabo Frio na década de 70 quando o Paulinho, lá com seus 11 anos, disse que Jesus cristo era mulher, afinal lá estava o Cristo Redentor de saias para provar. Se a gente tivesse dúvidas era só ir lá olhar.

É impossível não pensar em uma charge brincando com isso.

Pode ser uma charge bem humorada, pode ser crítica nos convidando a pensar no papel das mulheres no panteão cristão ou pode ser agressiva e preconceituosa, mas é a expressão de uma ideia, um medo ou mesmo de um preconceito.

Quando a brincadeira é ofensiva o ofendido tem todo o direito de exigir retratação. Mas o que os religiosos modernos estão fazendo ao se levantar irados contra a ciência (Teoria da Evolução), filmes (Dogma, A Última Tentação de Cristo, Je Vous Salue Marie), livros (Versículos Satânicos, Harry Potter) e caricaturas (Maomé), na minha opinião, é um ato cruel contra suas próprias crenças religiosas.

Ao ver tais demonstrações de intolerância quem está de fora e não compartilha as mesmas ideias acaba sendo levado a crer que religiosos são fanáticos impelidos a impor as suas leis a todos os outros.

E assim os próprios cristãos, muçulmanos e outros acabam por tornar as palavras de seus deuses proibidas entre as pessoas de bom senso. Não sou religioso, mas creio que os que são talvez devessem tentar atuar junto aos seus irmãos para fazer de suas crenças instrumento de paz e iluminação e não de ódio e intolerância.