Não sei se era assim mesmo, mas para mim é isso que o coelho de Alice no País das Maravilhas fala ao passar apressadamente por ela, olhando o relógio enquanto corre para um compromisso que nem ele parece saber bem qual é.

Lewis Carroll escreveu seu clássico décadas antes dos desesperados ritmos modernos que transformaram 73,45% de nós em coelhos apressados.

Lembrei agora que, muitos anos mais tarde, Michael Ende escreveu a bela fábula Momo alertando no início da década de 70 para o risco dessa correria patológica.

A gente pode até ter lido, pode até lembrar de tudo isso, mas quando menos notamos estamos lá no meio dos 73,45% sem tempo para nada, nem para não ter tempo! Cheio de ideias para escrever no blog e ele aqui jogado às traças.

Como as coisas legais demoram um pouco para serem escritas cheguei a pensar em colocar um post “meu querido diário” aqui. Uma daquela coisas assim:

“Já faz umas duas semanas que, noite sim, noite  não, vem uns pipocos de tiros do morro ali ao lado enquanto escrevo, mas isso não nos impede de sair para visitar a amiga que desmontou o joelho sem querer, afinal, se for ter medo do mundo lá fora, a gente não chega nem na janela! E nem precisa abrir o jornal para se assustar porque já deram mais uma rajada de tiros e, olhando pela janela, parece que eles estão logo ali.”

Dai eu penso que não dá para falar dessas coisas e não sentir um certo dever de desenvolver melhor o tema, né? Dai prefiro não falar nada e ver se, da próxima vez que estiver em um metrô ou no meio do dia e tiver uma excelente ideia para o blog, eu escrevo rapidinho para completar mais tarde. É… tô precisando logo de um pdazinho…