Vinha pela rua na véspera de natal comentando com uma amiga judia de 28 como as crianças na geração dela eram mais inocentes.

Não falo em inocência-igenuidade, mas aquela que nos permitia achar prazer num boneco de batata com palitos espetados, em soltar uma pipa ou em brincar de pique-esconde correndo descalço pela rua.

Ainda esta semana esbarrei em uma jovem mãe caminhando com o filho e a própria mãe. Ela dizia ao menino que “quando eu era criança eu brincava na rua! Não ficava só na frente da TV!”

Também esta semana passei por um dos raros oásis incrustados nas entranhas das nossas grandes cidades… Cercada por ruas movimentadas tem essa praça e duas ruas silenciosas, crianças brincavam e riam atrás de mim enquanto eu me dirigia novamente para o caos da próxima rua movimentada. Será que elas escaparam e ainda tem a inocência? Temo que não.

Parece que nos últimos 20 anos a indústria descobriu que é fácil influenciar os desejos dos pequenos e que seus pais fazem tudo para deixá-los felizes. Depois disso nossas crianças passaram cada vez mais a precisar da sandália da Sandi, do tênis do Pokemon, do game do Dragonball ou do poderoso mega-truker que brinca sozinho.

Vivemos em plena era do consumo, a sociedade do espetáculo (continuo insistindo que a era da informação e a cultura do conhecimento ainda estão por vir) e somos levados a nos deixar hipnotizar pelos encantos da mídia e do consumo, sem esforço dos pais as crianças não terão aquele contato saudável com o mundo de verdade que os que tem mais de 25 anos tiveram…

Sim! Afinal a decadência dos governos e da cultura só implica em mais responsabilidades para os pais, tios e amigos. Cabe a nós combater os efeitos nocivos da cultura do espetáculo em nós mesmos e tirar um tempo para contar uma história ou propor uma nova brincadeira na rua!

Bom, tem aquele outro pequeno problema que é a síndrome do medo, mas essa é uma outra história…