Fazia tempo que não me dava ao prazer de assistir um espetáculo de dança contemporânea.
As tarefas do dia-a-dia vão nos ocupando, vamos esquecendo de uns prazeres da vida e substituindo por outros menores.
Não que conversar com amigos seja um prazer menor, mas a arte proporciona um prazer diferente. Ela atinge pontos da nossa alma ou consciência que nada mais atinge.
Quando o espetáculo começou tive medo de ter perdido a prática e a capacidade de encontrar sentido nos movimentos sem palavras.
Foi ai que percebi algo sobre dança contemporânea que nunca tinha notado: assistir uma boa coreografia de dança contemporânea é como aprender um idioma em menos de 40 minutos guardando os movimentos na memória para compor o sentido de tudo, já quase no final do tempo. Escrevi sobre a minha interpretação para O que nos Move no Meme de Carbono porque está ligado a cibercultura.
Aqui eu precisava falar dessa descoberta (que deve ser fato corriqueiro para muita gente) da dança como fenômeno linguístico!
Imagine só o bem que isso faz para a nossa capacidade simbólica, nossa habilidade para compreender e se fazer compreendido.
Vivemos um tempo onde novas formas de linguagem são criadas o tempo todo porque novos arranjos comunicacionais são desenvolvidos todo tempo na Internet e fora dela.
Ainda outro dia participei de uma desconferência sobre narrativa transmídia no Descolagem onde fomos (pelo menos eu fui) apresentados ao conceito de histórias que são verdadeiros universos onde histórias são criadas. É como se Tolkien e sua imaginação febril tivessem se tornado padrão na arte de contar histórias.
O fenômeno do desenvolvimento da nossa linguagem não se resume ao incômodo anxim usado nas salas de chat ou no Twitter e a capacidade de decifrar símbolos abstratos pode se mostrar como uma necessidade.
E eu que costumava recomendar dança contemporânea aos amigos só para estimular centros de prazer do cérebro que normalmente deixamos adormecidos…