Muitas pessoas, inclusive eu, saíram do cinema dizendo ter visto um dos filmes mais marcantes dos últimos tempos.
Bem, preciso avisar que não vou conseguir comentar o filme sem entregar algumas surpresas. Vou tentar, mas acho melhor assistir o filme primeiro antes de ler esse post, ok? Guarde em um Pocket ou Evernote da vida :-)
Gravidade (Gravity no título original) é especial por vários motivos.
Talvez o primeiro que se note é que a ficção científica nele é extremamente realista, praticamente tudo que acontece lá poderia estar acontecendo hoje com algumas poucas exceções.
E por que isso é tão interessante? Bem, na minha opinião é porque normalmente é necessário mostrar uma ciência fantástica para encantar as plateias e quando as pessoas se encantam diante de ciência de verdade estamos diante de uma sociedade a caminho de se tornar otimista em relação ao próprio tempo. A ciência fantástica não está no futuro intocável, ela está aqui hoje!
Isso também é importante nesse momento porque a ciência e a tecnologia são importantíssimas para definir nossa civilização, mas passam por crises de recursos financeiros que são escassos para pesquisas que não são claramente lucrativas.
Francamente, acho que foi por isso que coloquei esse filme como um dos que mais me marcaram na minha vida, porque estou convencido que é vital para a sobrevivência da nossa espécie que a ciência ocupe um papel central em nossa cultura popular.
Mas me parece que a maioria das pessoas se encanta por Gravidade por outro motivo: a jornada da protagonista vivida por Sandra Bullock.
Apesar de nos encantarmos com a tecnologia e ciência modernas estamos decepcionados com nossa própria natureza.
É comum ver pessoas dizendo que a humanidade é um vírus, é primitiva, selvagem, egoísta, imoral e condenada ao caos.
Pode parecer incoerente, mas faz sentido já que a ciência nos mostra que não somos seres acima da natureza e sim animais filhos da Terra e a tecnologia de comunicação (Facebooks da vida principalmente) nos aproximam tanto uns dos outros que não há como ignorar os defeitos que antes guardávamos para uns poucos amigos mais próximos.
A personagem de Sandra Bullock está como nós, ela não vê mais sentido na vida na Terra pois perdeu o que mais valia para ela.
Enquanto ela luta desesperadamente para não morrer de uma forma horrível (me parece que ela não queria realmente viver) vamos descobrindo uma nova razão para viver, uma outra fonte de êxtase ou de deslumbramento, um novo berço para nossa natureza, não mais simples filhos rebeldes da Terra, mas crianças das estrelas ainda em seus primeiros momentos de gestação.
No final das contas me parece que o retorno dela à Terra não é uma fuga do espaço, mas um tipo de ligação entre o encanto da vida aqui e o mistério que nos atrai para o Cosmos.
Imagem: Daily Mail
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