É surpreendente como encontramos a sensibilidade nos lugares mais inesperados.

O Profissional é um filme que, se você der sorte, te levará a encontrar um tipo de amizade, ingenuidade e pureza que muitas vezes ficam escondidos no labirinto dos nossos pensamentos pois não há muito tempo para pensarmos nisso no dia-a-dia.

Claro que a história não tem a menor intenção de ser realista. Temos uma menina madura demais, um assassino profissional puro demais para serem reais… Ainda assim… Bem, isso é assunto para outras oportunidades.

Esse filme me quebra na cena final, no momento que entra a música Shape of my Heart do Sting.

Imagine uma dupla que existe fora do espectro de qualquer coisa pura.

Uma menina de família mal estruturada, pobre e envolvida com o crime. Um imigrante sem raízes e sem sentimentos que mata para viver, mas ainda assim é um tipo de criança que se satisfaz em viver e cumprir com o que se espera dele.

Esses dois se unem por um fiapo de humanidade, aquele que sobrevive nas pessoas mais improváveis ainda que ao olhar para elas só vejamos o vício e a deterioração.

Amizade… Um breve preenchimento da solidão… Talvez até o calor de um amor triste em sua impossibilidade.

Quaisquer que sejam as emoções que unem os dois elas são puras, ingênuas e inocentes de um jeito raro que, com sorte, vão iluminar suas próprias lembranças de amizades e sentimentos iguais.

Pode ser que você só veja um filme de ação cheio de violência, mas pode ser que a cena final encontre as raízes de alguma coisa em seu coração que sempre pode ser regada para crescer.

É uma pena que O Profissional esteja esgotado no fornecedor, mas talvez esteja disponível no Netflix.

Essa cena deletada merecia ter ficado no filme.

Ficha

Ano: 1983
Diretor: Luc Besson
Natalie Portman – Matilda
Jean Renaut – Leon, o Profissional