Entro na ótica para trocar um breguetinho dos óculos da minha esposa.

Mostro o que acho que é um pininho que precisa de uma nova capinha de silicone e aprendo que tem outro nome, que já esqueci, e que não bastava colocar outra capinha, que era necessário trocar os dois pininhos, que não se chamam pininhos.

Quem me atende é a dona ou gerente, que estava atrás do computador concentrada. Ela me explica calmamente e passa o óculos para uma funcionária trocar os pininhos que não são pininhos.

A propósito esse post não é sobre pininhos que não são pininhos. Acho que estou falando tanto deles porque achei achei engraçado.

A mulher que me atendeu se desculpa educadamente e explica que está escrevendo um email sobre o dia das mulheres para as clientes.

– É um dia meio complicado, né? – digo – Afinal o que as mulheres precisam não é de parabéns ou flores – tem várias rosas vermelhas na mesa ao lado dela – e sim de poder andar pela rua sem medo, salários iguais, poder realizar seus potenciais nas áreas e coisas que quiserem, respeito… Tanta coisa! E parece que não estamos avançando como deveríamos, né?

Sempre muito simpática, ela me respondeu. Podia ter sido grossa, o que ia mudar no dia dela o meu comentário? Ela pode mandar um email falando coisas assim para as clientes? Pode dar algum manifesto feminista em vez de rosas? Pelo jeito fiz homiexplica sem notar, né?

– Aqui vou dar rosas para as clientes, mas também muito respeito e carinho!

Tenho vergonha de dizer o que eu respondi em seguida… Denuncia o macho agressivo que existe em mim e que quer se fazer de herói.

– Bem, talvez eu possa matar um machista hoje, né?

A simpática gerente ou dona me olhou meio estranho. Não sei se ela acreditou ou simplesmente pensou “O que esse macho tá achando da vida? Que é ele que vai salvar as mulheres agindo por nós?”

É por isso que dizem que temos que limpar o machismo da gente todo dia…

A imagem que ilustra o post para mim diz algo como “Que saco, mais um macho palestrinha”.

Foto de Vladislav Todorov na Unsplash