Um dia nem tão cheio, mas certamente um dia de contrastes…

Continuo achando o mundo mais nítido de ônibus que de carro. Vim de Campos Elíseos (não o grego, o carioca) em um destes quentões, felizmente o tempo já estava mais fresco. Ao redor os vastos terrenos baldios separavam motéis, fábricas de móveis e o enorme edifício do Jornal O Globo.

Demorei menos para deixar aquelas terras que parecem de outro estado do que demoro para voltar da Barra da Tijuca, o extremo oposto, não geograficamente, mas visualmente.

São tão estreitas as fronteiras entre os diversos territórios cariocas. O morador do morro trabalha na loja chique do shopping, a moça criada na praia de Ipanema trabalha entre a Cidade de Deus e Água Santa…

Neste poliedro urbano são milhares de faces e nichos culturais, sociais, econômicos, geográficos…

O dia já posto, a chuva intermitente, a última parada desta jornada, Sérgio Porto, o centro cultural no Humaitá em um CEP qualquer. Embalando-se entre poemas bem traçados e o ritmo alucinado da batida lisérgica do Gerador Zero, a coloração única de Maryfê e Fábio F0 ou as experimentações do movimento do grupo Nome está uma outra tribo, habitantes da noite que certamente encontram anônimos com os personagens de cada trecho desta minha jornada ao atravessar as várias interseções entre estes conjuntos abstratos…