Tomado de ira sua lâmina se liberta e gira pelo ar dizimando os aldeões sem piedade. Os gritos de pavor desaparecem nas gargantas cortadas e nos olhos vidrados e sem voz: pavor!

Pela prata da katana o sangue escorre escuro e denso espalhando gotas nas paredes de madeira enegrecidas pelo rigor do inverno.

Almas são tragadas sob a fúria do samurai e os gritos de pavor devorados pelo eco surdo do desespero.

Finalmente o brilho cruza o ar ao encontro da face suave da criança, mas ao tocá-la criando um filete vermelho na pele clara os olhares se encontram, ódio e entrega, o tempo se suspende, uma sobra cai sobre os dois e tudo fica azulado, noturno… somente as batidas ensurdecedoras dos dois corações enchem o lugar coberto de corpos e silêncio.

Lentamente a lamina desliza riscando a fina face deixando na menina a marca eterna da sobrevivência.