“A vida não é colorida, é colorível”

A imagem repetida milhares de vezes em facebooks, weheartits, pinterests, twitteres e certamente silenciosamente por email é simples, simplória, praticamente infantil.

Um adulto que a leia talvez esboce um sorriso compassivo que mistura a ternura pela inocência juvenil e tristeza de antever a decepção logo adiante pois a vida é cheia de cores amargas, tons escuros e texturas ásperas que quase sempre apagam nosso amor pelas coisas simples, pela humanidade e, finalmente, por nós mesmos.

É possível que um velho monge sábio estampe o mesmo sorriso pensando no desperdício de energia do adulto que perdeu as esperanças e o encanto com a humanidade e, junto com ela, pela vida com toda sua riqueza de experiências pois todas as cores são belas.

A dor da doença e sua ameaça de morte, o ferro frio da perda atravessado em nosso estômago quando não somos amados de volta, o arame farpado que trava em nossa garganta quando somos traídos, o fogo que consome nossa pele quando falhamos em nossas responsabilidades são experiências tão fantásticas quanto o frescor líquido de uma tarde com amigos puros, a carícia aveludada dos momentos de ócio em que nos esvaziamos do passado e do futuro, a excitação que nos faz saltar quando sabemos que fomos defendidos de uma calúnia ou o abraço morno de ser amado (pode ser por amigos) em retorno.

Tudo isso pode ser fonte de êxtase pois a oportunidade de viver e experimentar a existência por si é simplesmente fantástica! Não que gostemos da dor, mas que possamos admirar o que ela nos revela sobre nós mesmos e a sensação de sucesso quando a superamos.

Ah! Mas eu, que escrevo esse post, estou longe de ser um monge sábio e talvez não passe de um adulto infantil que extrai essa lição de Doctor Who, Alô Sr. Deus, Aqui é Anna, Ponte para Terabítia, Desventuras em Série e muitas outras obras para o público adolescente.

Será que não há histórias assim para adultos?

Crédito da imagem da bailarina colorida com a “frase A vida não é colorida, é colorível” – Revista Bula no Facebook (alguém tem o crédito original?)