Tem umas expressões e palavras que ficam arraigadas em nossa comunicação que me incomodam.

A mais comum é Homem para se referir à nossa espécie. Realmente me incomoda ouvir que o Homem é um primata, que o Homem foi à Lua ou que o Homem é um animal social.

Nada a ver com preconceitos, feminismos etc. não no contexto que estou falando agora, ok?

É que acho que essas expressões acabam estreitando nossos horizontes.

Outro dia mesmo vi um cara explicar o dispositivo da evolução para outro que disse “mas isso é micro-evolução e nisso eu acredito”

Não deveria acreditar! Nem aceitar! Enquanto a gente não compreende uma ideia não devemos nem acreditar nela, nem aceitá-la.

No caso a pessoa que acreditava em micro-evolução (outro conceito meio inútil, mas vou deixar para outra hora) era alguém que baseava toda sua percepção da realidade em crenças e raramente na curiosidade e no interesse em entender a realidade até onde for possível.

Acontece que ai eu abro a Scientific American magazine e leio lá que “aceitamos que a Terra gira em seu eixo em 24h e ao redor do Sol em um ano”.

Homem… Acreditar… Aceitar…

De uma forma ou de outra acho que isso cria uma certa preguiça mental ou pelo menos alguns “pontos frios” em nosso pensamento que acaba nos fazendo deixar passar o óbvio.

Pode pegar qualquer filósofo ou cientista e olhar para as coisas que ele pensava e vamos ver que tanto nos aspectos morais quanto científicos tem um monte de “burrices” que talvez venham desses pontos cegos (ponto cego é melhor que “ponto frio”, ou não?) do nosso processo cognitivo.

Einstein acreditava que o Universo era estático a tal ponto que enfiou uma constante nas suas equações para “pará-lo”.

Aristóteles, se não me falha a memória, assumiu que a mulher não tinha qualquer participação na produção do filho, ela apenas o carregava na barriga enquanto a semente do homem crescia para formar um novo Homem.

Usando grandes filósofos e cientistas como exemplo pode parecer que esses pontos obscuros (ponto obscuro é melhor que cego ou frio? hehehe) não nos atingem em nossas vidas diárias já que não lidamos com grandes verdades (Ah! o sonho da Grande Verdade) e sim com coisas cotidianas.

Acontece que a todo momento vemos alguém falar que gosta mais de animais que de humanos, que os governos dos EUA, Brasil, Inglaterra e outros são ditaduras como as do século XX ou aceitando características pessoais indesejáveis (aham… Eu me enquadro nesse último com certeza!)

Tenho uma amiga que, de vez em quando, fica mastigando uma palavra, outro dia ela estava falando sozinha “cágado” várias vezes. Brincando com o significado, sonoridade, ritmo, tonalidade…

A gente devia exercitar isso de vez em quando, ver se não tem partes flácidas nas nossas ideias, partes que não são exercitadas, alongadas, tonificadas ;)

Imagem: Cena do filme Labirinto da década de 80 com Jennifer Connelly e David Bowie