É. Fiz um título clickbait. Mais ou menos, afinal é verdade que vou falar nisso e fui inspirado pelo vídeo lá no fim do post, que começa com as pessoas falando na busca de sucesso e riqueza como fundamentais na vida.

A imagem que escolhi para o post (de Joel Muniz na Unsplash) é um spoiler e certamente vai influenciar a sua resposta à pergunta: O que você pode fazer em busca da felicidade?

Parece que a maioria das pessoas começa a responder falando em sucesso profissional, dinheiro ou fama. Fatores que servem mais para fazer inveja aos outros e para definir nosso bem estar em função do que os outros pensarão de nós.

No entanto tem aí também um grande fator, aliás dois: falta de estabilidade e de recursos.

Quando a gente não sabe se terá dinheiro ou alguma atividade lucrativa que nos garantirá moradia, comida, assistência médica ou mesmo acesso a cultura e lazer (não podemos jamais subestimar a importância do lazer!) fica bem difícil ser feliz, né?

Se por um lado é extremamente satisfatório fazer um trabalho que faça bem aos outros, que deixe um legado positivo para a sociedade, ou mesmo para uma única pessoa, por outro lado nossa vida não pode se resumir ao bem que fazemos aos outros. Temos que fazer bem a nós também! Além disso muitas vezes é difícil encontrar esse tipo de satisfação no trabalho.

Tem estudos mostrando que, acima de um certo salário, não há grande acréscimo de felicidade. Há controvérsias (até citadas no vídeo lá para baixo), mas desconfio que muito dinheiro só garante mais felicidade na medida que garante mais estabilidade por mais tempo.

Tá sentindo onde eu quero ir, né? É. Política ;-)

Não tem jeito, né gente? Tudo é política e temos que falar de uma meta política utópica muito embora os estudos tenham mostrado que o segredo da felicidade, da longevidade e da saúde física e mental seja outro ao alcance de todas as pessoas! Mas você já sabe qual é, então vou deixar para dizer algo surpreendente sobre isso mais para baixo e vou falar primeiro na questão político-econômica.

Mesmo que a gente tenha uma visão profundamente insensível da humanidade, que achemos que a felicidade ou saúde das pessoas não importa e sim o trabalho pela coletividade; se a gente acha que o preço para a civilização funcionar é que os indivíduos não sejam tratados com empatia e sim como peças a sugar até o fim; ainda assim devíamos abandonar a atual estrutura político-econômica pelo simples motivo que peças trabalhando sob estresse produzem menos e por menos tempo.

E, claro, você e eu somos “peças” e é de total interesse nosso termos vidas satisfatórias, então devíamos rejeitar a todo tempo esse tratamento “Matrix” que é dado não só a unidades de carbono, mas a coletividades delas como “Trabalhadoras de aplicativos de entrega” ou “Trabalhadoras de qq outra coisa”.

A civilização é tão rica quanto o mais pobre dos seus indivíduos. (Doctor Who, ou Rousseau hehehe)

E não falta riqueza no planeta para implementar algo como a renda básica universal que garanta que ninguém tenha que temer ficar sem comida, moradia, saúde, educação e lazer.

Dito isso…

A felicidade está mesmo é em ter relacionamentos saudáveis e de qualidade. Essa é a revelação tão óbvia que deixei o spoiler logo no banner do post!

Mas podemos refletir muito sobre qualidade e quantidade de relacionamentos.

Certamente é verdade que o relacionamento presencial é mais abrangente, que tem mais camadas de interação e intimidade, mas não podemos subestimar os relacionamentos à distância.

Mantenho amizades assim desde o século passado, ou seja, mais de 30 anos. Tem pessoas que encontrei pouquíssimas vezes, tem quem tenha encontrado apenas uma vez ou até nenhuma, mas fomos apoio mútuo e essencial muitas vezes!

Há momentos que as pessoas mais importantes para a gente precisam ir para longe fisicamente, ou a gente decide que nossa jornada tem que nos levar para longe e nos vemos sem relacionamentos presenciais de qualidade e tendo que manter aquelas grandes amizades à distância… Já passei, e passo, pelas duas situações. Vou até mandar esse post para uma meia dúzia de pessoas distantes (e duas em especial!).

Quando a amizade próxima fica longe ela ainda guarda os frutos da proximidade e sabe como estamos nos sentindo até mesmo em uma frase sem emoticons ou num silêncio mais prolongado, que pode ser até um bom sinal, de que está achando umas amizades boas por lá! Lembrando que amizade boa nunca se extingue! Ainda ontem testemunhei um reencontro de um grupo de amigues de um hiato de 40 anos e foi lindo!

Tem também as amizades que surgem à distância e isso nem é uma novidade da Internet pois fazíamos por carta de papel escrita à mão e em outra língua! Nunca fiz isso, mas era quase comum no século passado.

O que estou propondo é que, muito embora o relacionamento presencial tenha muitas outras camadas de contato como gestos, movimentos do corpo, a intensidade do olhar, toques e até a participação do ambiente ao redor, humanos também são capazes de criar relacionamentos de qualidade até com os fragmentos de textos, sons e imagens que a Internet nos permite e isso é maravilhoso!

Mas deixo, é claro, a sugestão de não perder a chance de um encontro presencial! Inclusive é outra dinâmica quando o relacionamento é coletivo, né? O espaço online é ainda mais restrito quanto estamos falando com 2 ou mais outras pessoas!

Tenho a impressão de que tá faltando alguma coisa… Mas tenho que dar um pulo na rua e não quero ficar adiando esse post!

Ah! Eu disse que a maioria dos estudos mostra que não se trata só de felicidade? Que ter relacionamentos bons também é um fator muito importante para a saúde e longevidade?

Para mim uma das razões para isso nem é apenas que as nossas amizades cuidem de nós, nós também nos cuidamos melhor para cuidar dos outros!

Ah! De novo! O vídeo mais abaixo e minha experiência pessoal sugerem que muitas vezes achamos que temos que nos esforçar para ter sucesso (e a discussão do que é sucesso é outro post, né?) e dinheiro e não damos a devida importância ao tempo que vamos dedicar a amizades! Sei que é difícil, que vivemos um momento geo-político-social-econômico em que tudo nos leva a obsessão com produtividade etc. Sugiro fortemente a resistir a isso e reservar um tempo todo dia para os seus relacionamentos!

Agora foi! Vou cuidar das coisas que tenho que ver na rua! Viu? Coloquei as amizades na frente! ☺️

Estudo de mais de 80 anos sobre a felicidade humana: