Recentemente o jornalista Boris Casoy comentou ao vivo sem saber que era escutado:

“Que merda, dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras. O mais baixo da escala do trabalho”

Naturalmente a opinião causou reações violentas contra ele incluindo o resgate de uma edição da revista Cruzeiro de 1968 onde ele é apontado como neonazista e um rap:

Isso é uma vergonha – Garnett

No entanto, guardadas as devidas proporções, realmente discriminamos profissões como se um lixeiro fosse um humano inferior que ocupa aquela posição por ser incapaz de ocupar outra.

Há alguns meses testemunhei uma amiga (atriz, religiosa e normalmente humana) arrasar um segurança que obedecia ordens. O que ela disse foi bem parecido: como se houvessem profissões que humilham os humanos.

Essa é uma boa oportunidade para pensar.

É inevitável pensar na ironia da imprensa marrom que está longe de ser exceção, dos políticos e advogados corruptos e antiéticos igualmente comuns.

O que pode haver de medíocre no ofício do lixeiro, do balconista, do parafusador de parafusos na fábrica?

Arrisco dizer que entre eles estão os humanos mais íntegros e batalhadores da nossa civilização.

Eles tem melhores chances de ter relacionamentos sinceros e dormir à noite com a consciência tranquila, sem ódios sexistas, racistas, religiosos.

Nos esquecemos que um lixeiro não é lixeiro 24h por dia. Fora do expediente eles compõe samba, brincam com os amigos, alguns escrevem, outros estudam para alcançar promoções ou para progredir materialmente.

Progredir materialmente… Materialmente.

O espírito humano é nossa maior fonte de alegria, nosso melhor instrumento para poder olhar no espelho e gostar do que vemos.

Já o preconceito e o ódio são fantasmas que nos perseguem incessantemente atirando-nos violentamente contra o mais baixo da escala de humanidade pois escala de trabalho não fala nada sobre o tipo de humanos que somos.