Palavras de Francisco Carlos Teixeira da Silva (Especializado em história social, com pós-doutorado na Alemanha, Silva criou o Laboratório de Estudos do Tempo Presente da UFRJ):

“É possível que o governador, quando deixou black blocs e moradores de rua quebrarem muito em julho, tenha tentado afastar a classe média do movimento.”

“Tanta repressão, só vi uma vez na Bolívia e outra em Beirute, mas nunca no Brasil. Foi brutal. Me deixa perplexo…”

“A polícia da ditadura era menos violenta do que a polícia do governador Sérgio Cabral”

Ele destaca também uma coisa que cheguei a desejar/supor, que os Black Blocs se tornariam menos violentos:

“Havia black blocs, mas não estavam quebrando. Depois duas agências bancárias foram destruídas, mas a PM já batia muito. Era uma reação. A maioria absoluta era de secundaristas, professores e universitários. Não tenho relação pessoal com o Black Bloc nem quero ter. Mas houve uma inflexão dos black blocs, uma mudança na atuação.”

Como eu vinha dizendo: a inteligência coletiva é capaz de nos surpreender.

Pelos últimos relatos que vi os Black Blocs estão se convertendo em um tipo de white blocs que se colocam na linha de frente para proteger os manifestantes e os socorrem quando são atingidos por armas químicas ou força física.

Já está passando a hora da mídia ler os próprios artigos e mudar sua linha editorial que insiste em supervalorizar vidros quebrados e desprezar os danos físicos a literalmente milhares de pessoas (manifestantes ou não) vítimas de armas químicas e do medo de sair às ruas e encontrar uma polícia que, em vez de proteger, ataca.

Imagem: Marcos de Paula – Estadão