É uma palestra.

Lá na frente pessoas se alternam falando sobre a escola e o futuro… sobre o futuro e a escola.

No grande auditório talvez 200 pessoas espalhadas em grandes pufes vermelhos, não em cadeiras.

Muitos assistem as palestras, mas outros mantém os olhos perdidos nas telas dos notebooks que repousam em seus joelhos ou nas pequenas telas dos celulares. É uma audiência estranha que digita coisas rapidamente e esboçam sorrisos sem sentido.

Num canto uma moça parece mais alienada do ambiente do que qualquer outro. Seus dedos tamborilam incessantemente o teclado e a luz artificial do monitor dá uma feérica coloração ao seu rosto.

Os que assistem as palestras no entanto, e paradoxalmente, são os alienados nesse estranho auditório pois os notebooks e celulares são janelas para um intenso debate paralelo e os olhos mergulhados nas telas circulam velozmente pelo fluxo de informações do ambiente enquanto os ouvidos permanecem atentos ao palestrante e os dedos tecem comentários.

E aquela moça, a mais alienada, é um turbilhão captando todo esse fluxo de informação audiovisual e convertendo em texto em tempo real para centenas de pessoas que não estão naquele lugar.

A cena digna de Borges é o cenário corriqueiro de um debate moderno.