Um cálice de vinho, inocente, tinto, mas não de sangue, apenas enebriante.

Há quem beba cálices e mais cálices de qualquer bebida e permaneça lá inteirão, de pé e com um sorriso sóbrio sob olhos atentos e faiscantes. Eu não.

Basta um cálice, inocente como disse, e nuvens cobrem o meu olhar opaco, o sorriso se torna logo uma série de risadas.

Neste estado tudo pode acontecer! Cerimônias sacras podem ser perturbadas pelos telefones celulares dos padres que tocam o Cancan. Bem, são os celulares que tocam e não a fileira de padres no altar, eles só falam. Engraçado, não devia ter só um padre lá em cima? Vai ver é coisa moderna, um jeito de mostrar que Deus no século XXI é ecumênico ou então é o “liberdade, igualdade e fraternidade” que subiu os púlpitos colocando lá um bloco de padres falantes, ou ainda, eu simplesmente estou bêbado.

Um cálice de vinho tinto.

Ora! Mas não é todo dia que um casal de amigos – bons amigos – completa 25 anos entre tapas, beijos e muita fibra para segurar as ondas que a Terra não joga sobre nós, mas esta louca civilização faz questão de inventar. Não sei se é melhor se engalfinhar com um urso ou encarar os monstros imaginários da sociedade do espetáculo, mas vou te dizer, não é para qualquer um! Nem o urso, nem os medos e neuroses modernas! E eles conseguiram!

Conseguiram sim!

Sobreviver dez, quinze anos é mole, vai na inércia. Já 25 é um quarto de século! E com filhas, e às portas da aposentadoria (um dos dois já conseguiu pular fora do moedor de gente corporativo e está aposentado). Eles conseguiram, daqui para frente é ir levando com a experiência adiquirida e comemorar os 30, 35, 40…