Quer saber? Eu devia calar a boca.

Mania estúpida de achar que uma voz tem peso, que a gota d’água um dia enche o mar. Se encher eu jamais saberei e passarei a vida resmungando como um louco perdido no deserto que devia deixar suas palavras apenas para os olhos das pedras. Escritas em sangue.

Comecei a escrever algo sobre Nova Orleans e como o individualismo nos mantém mais próximos de uma manada de bois do que de uma civilização, mas as ideias se escoaram na percepção da minha impotência.

Melhor faria se abandonasse a ilusão de superioridade e fosse me distrair como todo mundo. O superior não passa de um deslocado que um dia será ultrapassado pela história. Pode até fazer uma diferença para a humanidade, mas para ele mesmo sua superioridade não passa da profunda insegurança que o leva a tentar ser diferente a todo custo.

Foda-se o meu humor, o mal humor que me dá vontade de socar a parede e jogar o computador pela janela.

Eu devia ficar calado