Ainda outro dia, em uma festa, esbocei um comentário apressado sobre a fome moderna de prazer vazio! Não só apressado como totalmente cru!;-) Minha interlocutora não perdoou e logo minhas costas sentiram o chapiscado pontiagudo da parede onde fui encostado! Com palavras, é claro! Afinal somos todos gente de paz!
O assunto no entanto é dos mais sérios e havia de ser melhor explorado!
“Prazer” foi uma péssima escolha de palavra! Intensidade seria mais adequada.
Mário de Sá-Carneiro, que de feliz não tinha muito e para quem todo prazer logo parecia se transmutar em dor a tal ponto que decidiu se aliviar da vida aos 26 anos de idade, certamente viveu a vida com intensidade! Olhou para ela de frente! Viu mais a dor do que o prazer, mas abriu os próprios olhos e olhou com eles! Junto com tantos outros geralmente mais felizes! Fernando Pessoa, Neil Gaiman, Antônio Torres, o bruxo Machado de Assis, Lygia Fagundes Telles e não podemos esquecer de Charles Chaplin em o Grande Ditador…
Há momento para o prazer vazio da comédia sem significado e para as fantasias de poder! São como injeções de glicose para reanimar os espíritos abatidos, medicamento alopático para nossos organismos enfraquecidos. Mas se já não podemos seguir adiante sem fugir para a “matrix” de fantasias então já não temos espíritos enfraquecidos, temos espíritos quebrados!