Nunca foi tão fácil escrever para alguém, falar com alguém e até ver alguém, mas fazer isso em profundidade ou de maneira que tenhamos a sensação do contato é um desafio cada vez mais homérico.

Enquanto a sociedade do conhecimento se debate sob as águas turvas da sociedade do consumo que transforma tudo em produto e capital nós todos ficamos ilhados, entregues à ilusão das grandes redes de amigos do Orkut, do Gazzag, do 1 Grau…

Esta semana assisti National Treasure (A lenda do tesouro perdido – argh!) e logo no começo vemos o garoto ouvir do avô sobre o segredo legado através de gerações.

Os chineses e japoneses preservam a memória dos seus antepassados.

Nós não… Acho mesmo que os chineses e japoneses modernos já não o fazem mais, estão muito ocupados com a última novidade, muito afoitos olhando para a próxima compra. Como disse, vivemos em plena sociedade do consumo e ela combate desesperadamente a emergente sociedade do conhecimento que só se importa com o produto como instrumento para preservar e desenvolver o conhecimento.

Mas isso já ficou muito extenso, nem segui a pirâmide invertida, e deixo para o final o mais importante.

Na era do capital e do consumo estamos todos sós porque tratamos nossos relacionamentos como produtos, nós os adquirimos e empilhamos num canto como a criança mimada que acumula brinquedos sem jamais se apegar realmente a cada um deles. História e conhecimento, talvez seja isso que nos falte para afastar esta solidão! História para dar tempo para a amizade ir mergulhando pelo nosso consciente até chegar ao inconsciente onde tudo realmente acontece, e conhecimento para… Não é conhecimento, é? Ao menos não do jeito que a gente entende normalmente, aquela coisa decorada, talvez a palavra seja bom senso do tipo que vem da experiência de ver as coisas com o olhar livre de conceitos pré-estabelecidos.