O morro morre em silêncio conforme a noite se aprofunda. Há dias para os conflitos, para o pipocar dos instrumentos de negociação das gangues do tráfico. São ruídos que se misturam à brisa como o rádio do vizinho ou o fruar dos motores de ônibus barulhentos. Hoje é silêncio.

A banshee que parece subir entre os prédios gelando-nos com seus gritos vem de outra fonte. Não é obra dos monstros do crime ou de porcos políticos, é o esforço de jovens homens de bem, filhos da classe média injustamente achacada em nosso país.

Enquanto alguns pensam no trabalho e no futuro, tentam dormir para fazer ao menos um pequeno movimento para frente esses jovens — futuro da nação — se esmeram em impor a todos sua rebeldia sem causa ou sentido.

São crianças como seus pais que chegarão ao senado, a cargos de decisão e continuarão incapazes de enxergar ao redor além das próprias mentes atrofiadas presas em egos hipertrofiados.

Para quem não entendeu as linhas acima, propositadamente vagas para suavizar minha ira: quinze minutos atrás crianças de mais de vinte anos de idade se divertiam soltando fogos de artifício dos que emitem um apito ensurdecedor antes de explodir.