Estava zanzando pela Rede quando deparei com um post no blog da Cora Ronai onde ela citava alguém que, indignado, terminava seu comentário urrando “porra, caralho!”.

A indignação era por ter o nome indevidamente listado em um abaixo-assinado.

O curioso na história é que os comentários ao post, em vez de se concentrarem no absurdo roubo de autorias e de identidade cada vez mais comuns na Internet, descambaram rapidamente para o impacto negativo dos palavrões.

Teve quem falasse que porra é sinônimo de sêmen e caralho de pênis… Francamente, quem escuta o sujeito berrar “Porra de político corrupto!” e pensa no sêmen do político corrupto tem algum problema sério.

Este assunto merece um artigo inteiro, mas vou tentar a versão reduzida.

O nosso problema é a fuga da realidade. A violência está ai, a corrupção está ai, assim como a injustiça e uma porrada de merdas do caralho que já estão além do limite da paciência de todos nós e exigem ação imediata e certamente não podem ser mais definidas como “situações feias, bobas e chatas”.

Palavrão tem hora. Esta é uma boa hora.

Infelizmente boa parte de nós ainda prefere sonhar com o mundo rosado das apresentações Power Point e versinhos que falam do mundo em harmonia.

Não tenho reprimendas aos pudicos ou a quem prefere o mundo de sonhos da Matrix enquanto a realidade se desfaz: cada um tem seu papel. Mas se você acorda de manhã, olha para o belo nascer do sol e logo se lembra das guerras, misérias, corrupção e injustiça que temos orquestrado então tenho duas sugestões:

  1. Não se incomode com um palavrão aqui ou ali e concentre-se no que pode fazer para mudar as coisas;
  2. Nem tudo está perdido, mesmo no meio do caos nossa espécie consegue preservar sementes para transformar o presente e o futuro.