É impressionante como uma história simples pode se desdobrar em tantas facetas graças a uma grande atuação (Ellen Page no papel principal de Tracey Berkovitz) e, principalmente, a um roteiro e edição brilhantes!

Pode ler o restante do artigo sem medo de “spoilers” pois eu não faço isso.

Talvez a protagonista de 15 anos não seja a menina padrão dos nossos centros urbanos, mas definitivamente é um bom modelo.

Ela comete erros, pelo menos um grande erro e outros pequenos, mas, e talvez essa seja a maior qualidade do filme, não se trata de cometer ou não erros, mas da força do caráter que, a propósito, me lembra Lyra Belaqua de Philip Pullman.

Como uma jovem mulher de 15 anos se sente diante do mundo hoje? Como ela devia se sentir? Como deveria se apresentar? Como uma criança desamparada e insegura ou com independência e confiança? Tracey com certeza é mais forte e segura que a maioria dos adultos no filme. Aliás é uma das personagens mais fortes que tive o prazer de conhecer.

Além da excelente atuação de Ellen Page temos a edição que povoa a tela de pequenas janelas onde fragmentos da história circulam em ritmos e fluxos de tempo dispersos construindo uma experiência intelectualmente estimulante, rica e significativa. Você provavelmente se lembrará de Memento, mas essa película vai além tecendo simultaneamente cenas do início, do meio e do fim.

Curiosamente a narrativa fragmentada contrasta com a personalidade solidamente (e precocemente) coesa da protagonista o que me fez pensar que o mundo em transição desse início de século pode ser frágil, mas nós humanos nos tornamos mais fortes mantendo o equilíbrio desse complexo móbile.

É um filme para comprar e ter em casa.

Sugiro apenas que você afie o Inglês antes de assisti-lo e evite as legendas para saborear cada fragmento da narrativa.

Em tempo… O filme é baseado no livro homônimo de Maureen Medved, um dos próximos na minha lista de leituras.

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