Falar do livro de gente que nós conhecemos pessoalmente é uma tarefa difícil.

Conheço o autor pessoalmente, mas isso não me faria falar bem de um trabalho que não gostei (eu simplesmente não falaria nada). Quero apenas dar esse alerta em nome da transparência.

Pode ler a crítica sem medo de spoilers também pois faço questão de não atrapalhar o prazer dos outros de descobrir o mundo com seus próprios sentidos e não direi nada que entregue algo que acontece na história.

O título já diz tudo: a história ocorre em um futuro distópico (nós falhamos em buscar a utopia e criamos um mundo oposto a isso, um mundo totalitário e sem espaço para sonhar) onde sonhar é proibido.

Apesar de Petê Rissati ter escrito poucos livros achei a obra madura, talvez por ele ser tradutor o que o leva a ler e pensar muito em estilo, afinal cada livro que um tradutor verte para sua língua é um livro que ele escreveu também.

A propósito seria bom ver mais tradutores escrevendo (sei de mais alguns).

Voltando ao Réquiem…

Muitas histórias modernas são rápidas e parecem ansiar pelas telas do cinema optando por personagens rasos e muita ação enquanto outras parecem sonhar com o Nobel e acreditar que a chave para isso é uma profundidade emocional ou filosófica entendiante. Réquiem sabe ficar entre os dois extremos e o caminho do meio quase sempre é o melhor.

Outro ponto importante é manter o ritmo, ou seja, uma história (moderna na minha opinião, talvez isso não seja uma regra universalmente aceita) deve evitar trechos muito lentos com outros muito rápidos. Isso foi algo que me incomodou, por exemplo, em A Garota com Tatuagem de Dragão, mas achei bem na medida em Réquiem.

Se posso fazer uma crítica é à quantidade de personagens que me deixou com alguma dificuldade de me situar, mas essa pode ser uma falha mais minha do que do livro, afinal obras com muitos personagens estão virando um padrão e os nomes são bem bolados para não nos confundirmos entre Clara e Carla por exemplo.

As fantasias distópicas podem nos deprimir, afinal são alertas para o que será do nosso futuro se falharmos no presente, mas Réquiem não é assim.

A leitura é boa, tanto para uma fila de banco, quanto para o seu sofá ou rede prediletos. Recomendo.