As ruas são povoadas de espíritos irrequietos, ricos, intrigantes e fascinantes em seus pequenos detalhes, mas de vez em quando a gente se vê diante de um grande objeto totalmente desconhecido para nós: uma igreja, uma escadaria ou uma praça enorme.

É estranho como algo enorme pode ser inanimado e sem espírito. O projeto e a execussão podem ser incríveis como o do Memorial a Getúlio Vargas feito por Henock de Almeida, mas sem os pequenos espíritos irrequietos se torna árido e triste.

Talvez eu ande alienado, mas desconhecia totalmente o monumento inaugurado em 2004 e, enquanto tirava essa foto, nem imaginava que havia 1.9 mil metros quadrados de cultura sob ele.

Não sei bem onde quero chegar com este post, mas me incomoda a ideia de espaços culturais vazios ou esquecidos.

Se terminar aqui deixarei apenas decepção e desesperança e nunca me deixo dobrar por esse tipo de impulso.

A falta de cultura, de valorização da cultura e do gosto pela cultura é um desafio global. Maior no Brasil que em muitos outros países, é verdade, no entanto mais vale nos perguntarmos “O que está faltando?” do que lamentar a falta.

A cultura está por toda parte, os artistas, filósofos e cientistas. Há uma boa quantidade de centros físicos (prédios) e uma infinidade de centros culturais digitais (sites) esperando os espíritos irrequietos. Então o que falta?

Faltam os espíritos que andam revoltados, autocentrados, intolerantes, assustados e conformados em sua decepção abraçarem a inquietação juvenil.