O filme (de 2000) na verdade nem é bom, mas me perturbou tanto que assisti faz vários dias e hoje tive que vir escrever sobre ele.
Pode continuar lendo sem medo pois não vou entregar nada que atrapalhe o prazer de assistir o filme
A história é simples e revelada logo no começo: Para conter a rebeldia adolescente o governo japonês passa a enviar turmas de colegas de escola na faixa dos 16 anos a uma ilha deserta onde eles tem duas opções, a de matar todos os amigos ou serem mortos se tiver mais de um sobrevivente ao fim de três dias.
É uma premissa básica um tanto tola, o começo do filme é bastante trash, mas com o decorrer da trama fui sendo capturado.
A questão que o filme nos impõe é a dos limites da amizade.
Em primeiro lugar o “plano” do governo para minar a iniciativa dos jovens é instigá-los uns contra os outros, criar desconfiança entre aqueles que deviam ser amigos, que aliás, foram colegas por anos.
Não é isso que fazem conosco vários seriados e manchetes ao apresentar o nosso vizinho como um possível assassino serial? Nosso amigo como um psicopata aguardando a chance para nos fazer mal?
No entanto ao longo do filme inteiro somos levados a pensar na profundidade das nossas amizades e até onde estamos dispostos a confiar e nos sacrificar pelos amigos.
Vale a pena assistir o filme se perguntando se alguma daquelas amizades vai sobreviver ao dilema “ou ele ou eu” e observando também você e seus amigos.
O que mais me anima (o filme na verdade é um bocado deprimente) é perceber que a história se tornou um cult entre tribos digitais, as mesmas que são consideradas insensíveis e incapazes de relacionamentos reais (só se relacionariam em jogos e via Internet).
Sempre que observo a suposta frieza moderna o que sinto são muros de defesa que escondem uma profunda vontade de ter amizades capazes de sobreviver a esse dilema “eu ou ele”.
A propósito, o único seriado de TV que realmente adoro é Doctor Who em que o protagonista (com mais de 900 anos) está sempre disposto a morrer pelos amigos (ou não) humanos.