– Não sabe o que dizer, né? Hehe! Vocês primatas são engraçados… Sempre se enrolam com emoções profundas.
Vou caminhando por uma rua estreita e escura junto com o vento frio que flui entre os edifícios. Um rio de brumas gélidas propondo um paradoxo frente ao dia ensolarado que acaba de se perder no horizonte.
Ao meu lado mal dá para ver a sombra do meu esguio amigo que se equilibra sobre o meio-fio caminhando com os braços abertos e os pelos arrepiados com o sopro daquele vento noturno.
– Pare de prestar atenção em mim Roney, hoje sou coadjuvante! Papel, aliás, que exerço com muito prazer nestas circunstâncias! E você deve correr pois lhe restam apenas 2 minutos!
Ele tem razão. Foi um dia corrido e faltou tempo para caber o tamanho das minhas palavras para festejar esta data!
Sete de junho de hum mil novecentos e sessenta e cinco. E ela nasceu.
Cada um de um lado seguimos caminhos cheios de interseções. Ela foi a Brasília, eu fui atrás. Eu ia ao Piraquê, ela ia atrás. Até que não teve jeito. Nos esbarramos definitivamente atrás de um papelzinho que dizia “não nos encontramos por um acaso”. Poucos meses depois estávamos morando juntos.
Foi hoje que ela nasceu. Quarenta e um anos depois continua correndo comigo, o Gato de Botas e muitos outros amigos que apenas os olhos mais jovens conseguem enxergar.
– É, bom amigo Gato. Você tem razão. Nós primatas não sabemos mesmo criar palavras tão vastas quanto nossos sentimentos. Só que não são elas que são pequenas, os sentimentos é que se estendem entre o véu de estrelas do céu da Tessália e além do infinito.