A mochila vermelha aquece minhas costas. O dia está frio, mas suo assim mesmo pois sigo ligeiro para o metrô feliz pela oportunidade de ajudar uma amiga, triste por ela precisar de ajuda, justo para o pai doente no hospital… Pais são como os pilares da existência para muitos de nós. Eles sempre estiveram alí, desde que fomos capazes de ver o mundo pela primeira vez! Gostemos ou não dos nossos pais, graças a eles sentimos que temos história e não que “puf!” aparecemos no mundo.
Dentro da bolsa tem um guarda-chuva vermelho e as rubras descrições do inferno de Milton em uma edição de Paraíso Perdido.
Entro na longa fila para comprar a passagem. Atrás de mim ouço guizos… É! Guizos. Engraçado, né? Me fez lembrar que poucas horas atrás estava justo falando no Dia do Curinga de Jostein Gaarder… Coincidências.
Fico em pé no trem pelo simples prazer de sentir o corpo sendo jogado levemente de um lado para o outro. À esquerda um casal de adolescentes conversam e se provocam até que o rapaz, ao abrir a mochila, totalmente sem querer, acerta uma cotovelada no rosto da amiga. Risos gerais! … E guizos novamente!?
Eles se repetem enquanto tento localizar sua origem entre as pernas que lotam o vagão. Os guizos se movem para um lado e para o outro, pessoas se movimentam e trocam de lugar, mas nada que possa emitir o som de guizos aparece.
E lá se ia a tênue fronteira… Naquele momento não me surpreenderia se surgisse um anão escondendo roupas coloridas sob um sobretudo escuro ou um grande e sínico gato de botas sorrindo para mim antes de sumir entre as sombras.