Enquanto eles caminhavam entre as paredes brancas dos corredores em arco da exposição de arte o dia claro lá fora se degenerou em noite fechada e densa.

Deixaram a segurança da torre de marfim ilhada no centro antigo da cidade onde os edifícios ostentam altos pilares e olham os homens, crianças e mulheres que se enrolam em cobertores mal cheirosos e dormem amontoados.

A luz de mercúrio cobre as ruas com a tonalidade vermelha de Marte, o Deus da Guerra.

Os três descem os degraus do altivo museu mergulhando nas sombras, mas sua conversa animada é uma lamparina de luz diurna, de sorrisos suaves.

Movem-se em câmera lenta, o tempo para eles flui diferente do tempo dos carros que cortam as ruas com vidros fechados e motoristas assustados com cada sinal fechado e seus habitantes: crianças de rua com bolinhas ou artistas mambembes e suas tochas.

Seguem despreocupados pelas vielas estreitas buscando o destino desconhecido, talvez uma peça de teatro que ocorre em uma sala secreta que apenas eles conhecem, talvez seja apenas um atalho para o ônibus, não saberemos pois vielas estreitas são caminhos que não seguimos…