O costume transforma a mais bela das cenas em uma imagem borrada pelas tintas do cotidiano.
Uma grande praça coberta por barracas de madeira repletas de legumes, frutas, verduras, peixes e ervas de todas as cores, de todos os cheiros. Um rasgo no cenário diário da cidade que se abre apenas uma vez por semana e onde circulam todo tipo de pessoas; do feirante à velhinha aposentada e viúva passando pelos pais novatos que levam o bebê de colo.
– Limão, maracujá, alho, patroa?
– Olha a laranja lima docinha! Lote de ponkan só um Real! Ai meu pé! Vai um aipim, tá uma manteiga! Ó a espiga, é para acabar! Tem troco para dez?
E as vozes se misturam na inebriante cacofonia de cheiros e sons e imagens para, em algumas horas, sumir sem deixar traço até que outra terça-feira alcance aquela praça.