Herança

O papel que você me deixou serviu como uma roupa

Sem necessidade de ajustes ou alinhavos. Coube-me…

Márcia Novaes de Assis – Esse estranho modo de existir – Ed. Verve

Sonhei com a autora hoje… Talvez a minha primeira paixão ainda aos 11 anos, pelo menos a primeira que senti de verdade!

Nossa história era outra, no entanto. Fomos amigos, nos perdemos, nos reencontramos, eu já casado, ela estudando filosofia. Minha esposa foi cativada por ela, como não se cativar pela beleza?

Nos perdemos de novo e, mais uma vez, nos reencontramos. Ela casada e me contando sobre amor e descobertas. Já com mais de trinta na época. Adultos completos, mas ainda com tanta história para viver. Boas histórias, umas com dor, outras com êxtase.

Outro tempo e já com mais de quarenta caminhamos pela orla uma década antes da pandemia. Me sinto com a irmã que não tive. Brigaríamos e nos reconciliaríamos nos intrometendo por amor na vida um do outro.

Mas isso é devaneio… Talvez pela beleza singela e alma cristalina dela.

Agora, em plena pandemia, porque vacilamos e não nos vimos antes, a encontro ecoando aqui ou ali no Instagram com rostos e expressões que ela faz brotarem do papel precisando apenas de traços monocromáticos

Tenho também comigo outras artes dela, como esse poema num livro repleto de pequenas caixinhas de beleza, sentimento e êxtase…