Enquanto você caminha ou corre em um calçadão em seu bairro todas as ideias, todas as crenças, medos, ódios e sonhos que alguém já teve estão se repetindo em algum lugar perto de você, e isso é bom!

Temos a tendência de achar que o mundo é como o vemos, o mundo é como é visto pelo somatório de todas as consciências humanas.

Aquela pessoa que passou por você há pouco está prestes a descobrir a fé profunda em um deus, outro sentado no bar se deslumbra com o Universo de outra forma, sendo ateu. Os adolescentes andando andando tarde da noite tem o coração acelerado de quem ainda não sabe como dizer que ama, que tem desejo. Talvez não tão perto, mas em algum ponto do planeta uma menina de 6 anos é jogada no mundo da prostituição e passará toda sua vida em uma cidade de barracos mal construídos servindo homens indelicados.

Numa sala bem iluminada homens (e nenhuma mulher) brancos se reúnem para pensar em como fazer mal a negros, em um bar no outro lado da rua um grupo festeja o direito tardiamente conquistado de pessoas do mesmo sexo poderem se casar e, diante da TV, alguém aperta o braço da poltrona excitado com o discurso de ódio de algum político fundamentalista e repleto de preconceitos.

E tudo isso é saudável.

Algumas coisas não são saudáveis para os indivíduos que vivem sob tais preceitos, mas uma das riquezas da humanidade é a capacidade de manter vivas todas (ou quase todas) as formas de cultura, de princípios morais. Tanto do passado quanto do futuro pois, certamente, já há pessoas vivendo pelos princípios morais que nortearão a humanidade em 300 ou mesmo 500 anos, e essas pessoas nem sabem disso! Provavelmente se sentem deslocadas, erradas… E estão pois a ideia certa no momento errado é uma ideia errada. No mínimo pode levar à arrogância que é uma das mais tristes manifestações de falta de empatia.

Uma civilização sem empatia é uma civilização primitiva.

Por isso é tão importante entender que a nossa forma de ver o mundo é uma das formas, nem certa nem errada, nem moderna, nem antiga, nem precoce, é uma das visões que constroem o mosaico de culturas, ideias, crenças e princípios que ajudarão a tecer os fios que nos conectam transformando indivíduos em grupos, grupos em tribos, tribos em bairros até construir uma civilização que um dia brilhará como Asgard.