Hoje eu recebi flores…

Assista o vídeo antes de ler o resto.
(Atualizando em 2020: Era outro vídeo, mas era bem parecido com esse)

O filme é da agência ptFOLIO e o descobri graças ao amigo Ramon do Pensamentos Humanistas.

Enquanto assistia eu pensava nas violências cegas que nós promovemos.

Também pensei nos fundamentalismos religiosos que ainda hoje apedrejam mulheres para nosso horror.

Fiquei refletindo sobre o por quê de sermos capazes desse horrores (“a humanidade é podre” não é uma explicação, mas sim um grito de desespero) e percebi que a campanha consegue capturar um conceito central nessa questão: tradição.

Podemos acrescentar alguns sinônimos conceituais: autoridade, leis, zeitgeist.

Sentado diante de uma mulher grávida desejando abortar seu filho e ouvindo seus motivos dificilmente levantaríamos nossa voz para amaldiçoá-la e dizer que a mulher que aborta merece sofrer e morrer como já escutei de alguns defensores da criminalização do aborto. Ou, diante de um jovem assaltante de 17 anos e conhecendo sua história  muitos defensores do “bandido bom é bandido morto” ou da ideia de que bandido não tem direitos humanos se compadeceriam e desejariam ajudá-los.

No corre-corre diário e, principalmente, no estado de estupefação e medo diante das rápidas transformações do nosso tempo o instinto de preservação fala mais alto e queremos apenas que a fonte do nosso medo sofra e morra para nossa vingança, para não nos sentirmos tão vulneráveis.

Talvez boa parte da moderna crueldade humana esteja ai, mas e quanto aos animais?

Enquanto você leu este post uma quantidade absurda de bovinos, suínos, aves e outros animais sofreram crueldades e experimentaram mortes centenas de vezes piores do que as que desejamos aos criminosos mais hediondos. E por quê?

Porque é fácil ser cruel quando é outro que executa a sentença, é fácil executar a sentença quando atribuímos nossos atos à  determinação do governo, da lei ou da corporação… Não somos nós, é a lei! É a tradição…