Hoje mais de 15 mil blogs se mobilizam para falar de meio ambiente. Veja aqui todos os participantes do Blog Action Day 2007.

Tenho certeza de que tudo que deve ser feito, tudo que está deixando de ser feito e os meios técnicos para impedir que o nosso clima se torne um flagelo como a miséria, a fome, a intolerância e tantos outros serão discutidos e apresentados por milhares de blogs assim como têem sido em centenas de publicações ao redor do mundo. Mas falta alguma coisa.

Temos falado e nos conscientizado de que o aquecimento global é um problema (seja produzido por nós ou não) que está provocando secas, furacões, ondas de frio, ondas de calor, enchentes…

Sabemos e concordamos quase unanimemente que outros fenômenos naturais menos dramáticos como as extinções de várias espécies, a contaminação química dos nossos solos e corpos, a inserção mal controlada de seres transgênicos e outros problemas precisam ser conhecidos e controlados.

Apesar disso há uma sensação mais ou menos global de que não estamos suficientemente empenhados.

Bom, vivemos uma era marcada por pânicos infundados, mas esse é outro assunto e neste caso estou inclinado a concordar que não estamos realmente engajados com a preservação do meio ambiente adequado à vida humana.

Existe ainda uma ideia comum, um meme, que nos faz crer que precisamos salvar o planeta e creio que esse é um bom ponto de partida para tentar apontar rapidamente o que acredito ser a essência do nosso descaso com o meio ambiente.

No centro da crença de que precisamos salvar o planeta há um certo distanciamento, uma certa sensação de superioridade como se o planeta fosse frágil e indefeso e nós fôssemos fortes. Ninguém acredita realmente, por exemplo, que a nossa raça possa se extinguir.

Apesar disso é ela, e não o planeta que está em risco. Temos que lembrar que, por mais radicais que sejam as mudanças climáticas, a vida e o planeta continuarão seu caminho evolutivo. Mesmo que a vida se modifique tanto que se torne impossível a vida humana.

Creio que grande parte do que impede a nossa mobilização em massa para garantir um meio ambiente favorável à vida humana na Terra é fruto da forma como vemos e nos colocamos no Universo e em nosso planeta. Um paradigma marcado pelo consumo, individualismo, hedonismo e um profundo vazio interno que nos faz querer satisfazer antes as expectativas do nosso meio social do que as nossas necessidades e qualidades pessoais.

Sei que é uma visão um tanto difícil de apresentar em um pequeno post, mas é a melhor contribuição que eu creio poder fazer pela reflexão a favor do nosso meio ambiente.

Temos que agir imediatamente, temos que cobrar dos políticos, das empresas, de nós mesmos (não jogar cigarro no chão é um bom começo, aliás, não fumar é um começo melhor) e do nosso meio que sejam tomadas medidas, mas temos que nos empenhar também em uma mudança de paradigma pessoal e global.

No espaço pessoal devemos refletir sobre o meio ambiente percebendo que não estamos falando das plantas na Amazônia apenas! Falamos da nossa alimentação, do ar que respiramos, do meio ambiente social que cria cidades que lutam um cabo de força entre quem tem e quem não tem, quem se diz de direita e quem se diz de esquerda.

Não foi por acaso que falei em direitos e deveres no post de anteontem. Temos que construir uma humanidade tão preocupada com as necessidades dos outros quanto com seus próprios direitos e não fizemos isso até aqui.

No espaço além de nós, em âmbito global, temos que moldar uma civilização que se inspira no brilhante equilíbrio de Gaia que, através de climas, correntes e evolução produz vida auto-suficiente onde não há miséria, onde não há supremacia de um organismo sobre os outros.

Para preservar o ambiente adequado para nossas vidas devemos construir um novo tipo de capital, um novo grupo de valores básicos onde as diferenças sejam festejadas e admiradas, o conhecimento seja o nosso maior valor e a igualdade o maior objetivo.

Utopia? Sim… Não há dúvida, mas um dia foi utopia considerar que as mulheres e crianças tinham alma, que as pessoas escolheriam seus líderes e que não haveriam escravos.

Estou sugerindo um projeto para séculos, outros o estão sugerindo mais clara e convincentemente, mas temos que começar de algum lugar e começamos por você e por mim.

Pense a respeito. Se você chegou até aqui deve se preocupar realmente com tudo isso então, se concordar com o que eu disse, passe adiante com as suas palavras, em seu blog. Se não concordou e teve ideias melhores passe adiante as suas ideias!