Como tem muita gente de olho nos lucros da transição da TV aberta do sinal analógico para o digital e a mídia além disso comemora sua vitória contra a nossa liberdade de comunicação e manutenção da sua hegemonia fica difícil se informar a respeito do que é relevante no tal SBTD (Sistema Brasileiro de TV Digital).

Felizmente tem gente boa falando muito bem sobre seus recursos de interatividade, e sobre o que mais importa na TV digital (ou importava já que parece que não vai acontecer).

Como as análises são necessariamente extensas resolvi resumir à minha maneira.

Quando se falou em TV digital a ideia era abrir a possibilidade de criar centenas de novos canais abrindo espaço para redes comunitárias, universitárias e de organizações da sociedade civil permitindo uma liberdade de expressão e possibilidade de um desenvolvimento humano sem precedentes através da democratização da mídia.

Isso aparentemente não vai acontecer.

A abertura de novos canais colocaria em risco a hegemonia dos poderosos grupos de mídia então todo o processo de decisão permaneceu debaixo dos panos até que tudo já estava decidido.

Nossa TV digital terá uma qualidade de imagem maravilhosa, mas o conteúdo e, principalmente, as emissoras continuam sendo as de sempre.

Nada muda, só a imagem que fica mais nítida emoldurada pelas tábuas mofadas do barraco do miserável que arranjar um jeito de pagar 500 Reais em um conversor digital para ver a novela das 20h.

Será que o miserável vai gastar o preço de um computador para ver os pelinhos do nariz do galã da novela das 20h? Não se for esperto e, acredite, a plebe ignara está longe de ser ignara… Hoje já são vendidos mais computadores do que televisores no Brasil.

Quer saber? Parte de mim desconfia que a TV digital, esse monumento à desigualdade social em nosso país, marca o fim da TV aberta. Outra parte de mim torce para ela ser o estertor desse modelo vergonhoso de mídia.