Tem gente que vive a vida como se fosse episódio de Jornada nas Estrelas: casa, teleporte, restaurante, teleporte, trabalho, teleporte, cinema. Ah! Com todos os supostos riscos prefiro viver a vida sem pulverizar minha consciência nos trajetos.
É claro que tenho que ser atento, como hoje.
Quando cheguei no ponto de ônibus vi dois mendigos lá e prudentemente fui para trás deles, não os queria perto de mim sem que eu pudesse ver o que faziam.
Um deles tinha o pé bem inchado e se apoiava sobre um bastão curto que lhe servia de bengala, parecia uma metade de cabo de vassoura.
Foi esse que veio lentamente na minha direção, parou diante de mim balançando a bengala enquanto eu pensava “vai me pedir esmola” e me preparava para negar.
— O Alvorada passa aqui? — Ele perguntou.
A conversa que se seguiu foi como as tantas que temos com gente que se veste como nós. Percebi que aqueles não eram mendigos, eram apenas cidadãos comuns cariocas que vivem próximos da pesada linha da miséria e deviam ter vindo para as ruas bem cuidadas da zona sul por um motivo qualquer.
Quando nos despedimos olhei bem dentro dos olhos deles e brilhavam… Esse povo brasileiro dá vontade de chorar tamanha é sua força e boa índole!