Este blog sempre foi um espaço onírico, um repositório do meu universo pessoal que é repleto de devaneios que, apesar de brotarem da realidade cotidiana, acabam se afastando da realidade prática da maioria dos visitantes. Tanto que raros posts inspiraram comentários.
Nos últimos dias decidi experimentar mudar este tom e tratar de temas mais práticos compartilhando minha opinião sobre eles.
Um dos temas mais presentes atualmente aqui no Brasil (aliás, em boa parte do planeta) é a violência. Bem, hoje vimos no Fantástico como ela pode atingir nossos bolsos, a economia e o turismo atirando-nos em um tipo de guerra.
O tom da matéria do Fantástico (e de muitas outras) parece sugerir que o problema todo se resume a falta de repressão. Em outras palavras: basta prender!
Dado o veredicto a mídia volta a nos chamar a atenção para as plásticas que podemos fazer e logo vem o intervalo onde uma moça bonita fala das festas a que temos que ir e das sandálias que vamos ter que comprar…
Desligo a TV e começo a pensar… Lembro da professora de escola pública que teve que ouvir de um garoto de 12 anos que “O que você quer que eu faça? Minha mãe é costureira, meu pai é bêbado e eu ganho mais como avião em um dia que a senhora em um mês me dando aula! Prefiro morrer com 20 anos, mas alimentar os meus irmãos a viver com fome!”
Sinto falta da mídia me informar deixando-me à mercê das minhas próprias reflexões. Ocorre-me que há dois tipos de crime.
O primeiro tipo de crime é organizado por grupos de homens ricos que morrem velhos e se aproveitam de gente que não tem opção de vida para engrossar as suas fileiras de “soldados”. São criminosos como as máfias italiana ou japonesa. Imagino que eles ofereçam mais chances de progresso para uma população de miseráveis do que a “carreira” de vendedor de bala em ônibus…
Outro grupo de criminosos são os moleques que se organizam em arrastão nas praias para assaltar e, eventualmente, matar o primeiro humano por acidente ou desdém pela vida. Fico me perguntando se eles não sonham em cair nas malhas do primeiro grupo para ter um futuro melhor, ou pelo menos poder oferecer um aos seus familiares…
Se for assim o primeiro grupo se alimenta da miséria e dispõe de recursos para contratar políticos, funcionários públicos ou o que mais for necessário para cultivar o gado de onde tirará seus peões. E se for assim de nada adiantará exterminar cinco ou seis milhões de criminosos comuns que poderiam ser cidadãos comuns em uma sociedade mais justa! Sem alterar os mecanismos que alimentam o crime nenhuma força será eficaz, embora a impunidade tenha que ser combatida, não há dúvida!
É… Acontece que tudo isso tiro da minha própria imaginação, tal organização pode ser apenas uma paranóia alimentada pelo medo que nos é incutido diariamente, então entro na Rede para ver se há alguma informação de como funciona a violência e o crime. E para ver se alguém fala em soluções que não sejam o mero combate aos sintomas.