A maioria de nós anda pelas ruas com medo da violência. Tem até gente que paga caro para andar de bicicleta dentro de ônibus. Eu não.

Tem gente que me olha assustada, descrente e até com certo desprezo quando digo que não acho o Rio, ou mesmo Sampa, tão perigosos assim. Acho que o problema é que esse pessoal fica trancado em casa acreditando na TV. No dia que sai descobre um mundo de perigos desconhecidos que as pessoas normais reconhecem de longe e evitam: o mundo é perigoso para quem foge ou se aliena dele.

Agora, tem um perigo que me assusta um bocado. É a tal ameaça que vem de cima.

Ontem um senhor que fazia as entregas da mercearia perto de casa foi atingido por uma placa de mármore que se desprendeu da fachada de um prédio. Ele perdeu o braço.

Melhor passar a caminhar debaixo das marquises, ou bem perto dos meio fios.

Podem me chamar de idealista utópico, mas porque os moradores dos ricos edifícios da Zona Sul do Rio ou as grandes empresas do Centro (onde andam caindo umas placas também) tem que esperar o governo ausente vir fiscalizar os seus prédios para tomar uma atitude?