Nicholas Negroponte e o MIT estão lançando este mês um notebook de US$100,00 (uns R$240,00) destinado apenas a estudantes de países emergentes como o Brasil.
A maquininha parece mesmo impressionante. Pode funcionar com pilhas recarregáveis, energia elétrica (o cabo de foça também serve como alça) e até com uma manivela que pode ser girada pelo usuário.
O projeto só é possível porque a indústria se interessou em fornecer os componentes quase a preço de custo e o software utilizado é, claro, o Linux.
A corrida pelo bom uso da informação provavelmente definirá quais serão os países do primeiro mundo neste século. Por enquanto estamos perdendo a corrida, pelo menos a nossa elite é quase analfabeta em informação limitando-se a repassar emails, entrar no Orkut e no MSN.
Talvez com a popularização dos computadores entre as classes C e D, sedentas de participação, a gente aprenda a usar blogs, Wikipedia e outras ferramentas de compartilhamento de informação e conhecimento.
Acho mais provvel que a proliferao dos computadores entre as classes C e D aumente ainda mais os MSNs e orkuts…
Por falar em informao, voc viu este editorial do Estado?
Segunda-feira, 07 de novembro de 2005
A internet ameaada
Quem controla a internet? No so muitos os internautas que podem responder a essa pergunta. Na verdade, so muito poucos os internautas aos quais essa questo ocorreu um dia. E no surpreende que, para a grande maioria, a internet seja vista como uma associao de usurios de computadores, livres de obrigaes alm daquelas determinadas pelas leis do pas, que podem entrar ou sair da rede vontade, bastando para isso pagar as tarifas mnimas de suporte telefnico.
Mas a internet tem uma estrutura de controle. Ela nasceu como uma rede de comunicaes militares, durante a guerra fria, para funcionar no caso de um ataque nuclear contra os Estados Unidos interromper as comunicaes convencionais. Mas logo se percebeu o potencial desse sistema para a democratizao das comunicaes pessoais e, assim, a internet foi aberta para uso pblico. Em 1998, o governo dos EUA deixou de exercer o controle direto do sistema, que permite que duas pessoas se comuniquem por computadores, mesmo estando em lugares diametralmente opostos do globo, bastando ter acesso a uma linha telefnica comum.Naquele ano, a internet passou a ser gerida pela Icann (Corporao da Internet para a Designao de Nomes e Nmeros), uma entidade privada, sem fins lucrativos, que funciona no Estado da Califrnia.
Por razes administrativas, a Icann est vinculada ao Departamento de Comrcio dos Estados Unidos. Esse um dos motivos pelos quais se atribui aos EUA a hegemonia sobre a internet. Na verdade, o governo americano sempre respeitou os termos do memorando de entendimento pelo qual cedeu a internet ao uso pblico, no se conhecendo um s caso de interferncia sua nas decises da Icann. Por outro lado, forte aparticipao da comunidade internacional nas decises da Icann, por intermdio do board de diretores internacionais um corpo de 15 diretores, dos quais 2 so brasileiros ou do comit assessor governamental.
H dias, numa reunio preparatria para a Cpula Mundial da Sociedade da Informao, em Genebra, representantes de vrios pases lanaram uma ofensiva contra o que chamam de hegemonia norte-americana sobre a internet. Os pases mais ativos desse grupo so o Brasil, a Arbia Saudita, o Ir e a China. Pretendem atribuir as decises polticas da internet a um organismo intergovernamental e dizem que, assim, reforaro o multilateralismo, a transparncia e a democracia.
Desse grupo, no entanto, s o Brasil permite que seus cidados utilizem, sem restries, a internet. Os demais probem o acesso ou impem severas restries ao uso da rede, submetendo seus sditos a pesadas penas, em caso de infrao. Esto interessados em tudo principalmente em exercer o controle poltico da internet, ou seja, poder censurar seus contedos , menos em multilateralismo, transparncia e democracia.
O Icann tem funcionado bem porque nunca se preocupou em fazer poltica. Seu objetivo foi tornar a internet um instrumento eficiente de um novo conceito de comunicao global e de oportunidade para negcios.
Em 2006, termina o contrato da Icann com o Departamento de Comrcio. Washington j deixou claro que respeitar a soberania dos pases sobre os seus endereos na internet e de maneira alguma interromper os servios. E prope a instalao de um foro de discusso entre governos, para que as questes da internet sejam resolvidas num processo evolutivo.
Mas Washington est isolado. Na reunio de Genebra, a Unio Europia props a criao de uma nova organizao internacional para fazer o que a Icann faz. Pretendia criar condies para uma soluo de compromisso uma ponte entre os EUA e os demais pases. Mas o que, de fato, fez foi enfraquecer a posio americana, com uma jogada pouco refletida.
O grupo que quer destituir os EUA do controle da internet constitudo por pases sem vocao democrtica exceto o Brasil e com forte vezo estatizante e a o governo brasileiro no exceo. Da quererem que a internet passe a ser administrada pela Unio Internacional de Telecomunicaes, organismo da ONU que representa os interesses dos monoplios estatais cuja existncia ameaada pela prpria internet. A sobrevivncia de um sistema inovador e relativamente livre da interferncia estatal est sendo seriamente ameaada.
falecom@estado.com.br
http://txt.estado.com.br/editorias/05/11/07/editoriais001.html