Um moderno shopping center deixa jorrar das suas portas uma grande avenida que atravessa a cidade inteira como uma muralha divisora do século XX e dos séculos passados, ou talvez seja a fronteira entre corpos de plástico e almas de terra, fogo, ar e água.
Das calçadas quase acépticas que margeiam a avenida desprendem-se pequenas ruas de casas baixas, varandas adornadas com grades de metal escuro trabalhado em volteios. São ruas cheias de passado, mas também são repletas de alma. Um contraste intenso entre todas as demais ruas daquele país, um verdadeiro reduto da sensualidade e sensibilidade humanas.
Assim era Nova Orleans quando estive lá dez anos atrás. Uma Nova Orleans que talvez nunca mais vejamos.
O que para um visitante latino casual como eu era uma bela jóia para os grupos conservadores dos EUA sempre foi um seixo negro e indesejado.
Justo quando estes conservadores andam de braços dados com o governo vem o Katrina e lhes dá uma chance de “limpar” a incômoda sujeira do sapato.
Vale a pena ler o artigo de Alcino Leite Neto na Folha Online.