Depois do seminário de ontem sobre desenvolvimento sustentável e responsabilidade social fui prestigiar o aniversário de um amigo na champanheria (nem sabia que isso existia) Ovelha Negra. Foi um desastre!

Totalmente imbuído de 12 horas de reflexões sociais, econômicas e ecológicas eu estava naquele estado de euforia criativa! Em geral me controlo para falar de amenidades nessas situações, mas acabei revelando um pouco das intrincadas redes de associações que atravessam meus pensamentos o tempo todo indo do meu preconceito contra a Globo à exclusão social em uma única frase.

A certa altura me perguntaram sobre a obra de Tolkien e a comparei, como de costume, à de Shakespeare e Cervantes. Coisa que faço sempre sem medo.

Não que sejam semelhantes do ponto de vista literário, mas são semelhantes no impacto que causam em seus leitores, na capacidade de capturar o espírito de uma era e de influenciá-lo.

A obra de Tolkien fala sobre a corrupção do poder, sobre indivíduos simples que precisam superar um poder muito maior, sobre a determinação para cumprir nossa missão mesmo depois que a esperança morreu, sobre fidelidade aos amigos e sobre tantos outros princípios que são necessários aos nossos tempos. Só mesmo com um longo texto sobre o assunto para arranhar este aspecto da obra.

Outro ponto é sua influência que passa pelos jogos modernos (de computador, RPG) e outras formas de cultura popular como os seriados Jornada nas Estrelas, Babylon 5 e Guerra nas estrelas. E, talvez o mais importante de todos é o fato da obra ser a única das grandes obras do século XX a ir para os teatros modernos: as salas de cinema.

Por tudo isso e muito mais comparo sim a obra de Tolkien a outras obras imortais. Ainda que sua qualidade literária não chegue perto de um Machado de Assis ou Antônio Torres.