A boca cheia de dentes se escancara em um riso exagerado. Há um traço de maldade indefinível na forma como os dentes amarelados pela nicotina se afastam e aproximam uns dos outros enquanto a gargalhada foge entre eles como o som de marteladas em uma bigorna.

Os olhos pequenos parecem implorar por um eco, por reconhecimento, por um lugar onde possam ser acolhidos. Atrás da imagem dura daquele homem que ri com desdém de tudo ao seu redor parece se encolher a sombra de uma criança que caiu cedo demais em um mundo que jamais foi capaz de compreender.

Nos noticiários ou nas fotos dos periódicos vemos homens como este em cargos de poder e tudo que podemos enxergar é a ganância, a mesquinharia e o mal, mas talvez, apenas talvez, a maioria deles seja apenas sombras de crianças que jamais foram capazes de entender o seu mundo e se agarram enlouquecidamente a coisas que jamais usarão, recursos que nunca serão necessários…

Enquanto eles acumulam mais do que precisam para afastar as sombras que os envolvem nos lançam na violência do desequilíbrio da vida…