Não posso ficar muito tempo entre quatro paredes: me dá dor de cabeça.

Os últimos dias tem sido problemáticos, pouco tempo para arejar e uma sucessão de quatro paredes ao redor; dor de cabeça.

Sai finalmente para cuidar de alguns assuntos e, como de costume, segui pelas ruas mais estreitas e abandonadas.

Um choro logo chamou minha atenção, havia umas poucas pessoas na rua ou nas janelas das casas que olhavam o garoto de rua com uns 14 anos que chorava copiosamente.

Não estava ferido, não parecia doente. Era choro de perda, decepção ou desespero. Era tristeza.

O menino estava sentado no meio fio, bem na fronteira entre os muros de duas casas. De uma delas vinha uma música alegre, algo meio Adriana Calcanhoto. Esqueci.

A casa era uma unidade da prefeitura, dizia centro comunitário e lá dentro via-se um monte de senhoras bem vestidas, típicas moradoras de Copacabana.

Fiquei apreciando o paradoxo por uns 30 segundos, esse é o tempo que vale a injustiça social.

Seria injustiça dizer que o povo está totalmente excluído da cultura, de vez em quando vou a um espetáculo em teatro da prefeitura e encontro lá com uma turma de colégio público.

Mas deu dó…