A melhor forma de se locomover no Rio de Janeiro é de bicicleta. As ruas espremidas entre o mar e os morros não tem alternativa além de se engarrafarem de carros, ônibus e obras de metrô.

Sempre que posso é de bicicleta que me locomovo, já faz algumas décadas…

Hoje seguia pelo meu caminho, atrasado, quando uma criança se assustou, puxou a irmã e escutei a mãe comentar “também aqui não é lugar para bicicletas”. Eu quis parar, mas o relógio não deixou.

Ela está certíssima! Calçada não é lugar para bicicletas e ela não tinha como saber que nunca atropelei ninguém porque ando atento ao que ouço, ao que vejo e até ao que as pessoas costumam fazer enquanto se deslocam entorpecidas pelas ruas e calçadas.

Minha vontade era parar e dizer para ela que realmente eu não devia estar ali, mas como ela poderia avisar aos milhares de ciclistas? E os demais perigos como assaltantes, assediadores e outros tantos que não deviam estar ali, mas estarão? Como adulta o papel dela é avisar às crianças que devem estar atentas pois o mundo, seja ele a calçada da sua casa ou o vasto deserto do Saara, não é um pedaço do paraíso religioso, mas sessões da realidade que trazem seus desafios e conquistas.

Enquanto tudo isso me passava pela cabeça e as calçadas fugiam de mim no sentido oposto me conscientizei: sou um chato.

Ouvindo Björk